sexta-feira, 29 de agosto de 2014

CENAS DO CINEMA PAULISTA


A muralha de prédios da Praça Roosevelt – nos anos 50/60 – era o limite da S.Paulo que virara megalópole. Separava o agitado e boêmio Centro Novo dos distantes e tranquilos bairros residenciais: Higienópolis, Cerqueira Cesar e Jardins. A Paulista ficava longe, ainda era apenas uma avenida refinada, cheia de casarões.

Dois filmes emblemáticos do Cinema Paulista – que registrava este momento de mudança efervescente e de acelerada industrialização – terminam exatamente aqui: os clássicos São Paulo S/A (de Luís Sérgio Person) e Noite Vazia (de Walter Hugo Khouri).

No primeiro – São Paulo S/A – Walmor Chagas, um existencialista desencaixado, rouba um carro na praça-estacionamento e dirige sem parar fugindo da S. Paulo (que ficava grande demais) e procurando o sentido da vida.

No segundo – Noite Vazia – Mário Benvenutti e Gabriele Tinti, playboys entediados, depois de uma noite de transas, confrontações e revelações, no começo da manhã, deixam duas garotas de programa (Norma Bengell e Odete Lara) nesta praça deserta, surreal e semiabandonada. Depois voltam para suas vidas de burgueses, pacatas e bem comportadas.

Esta praça sempre foi uma esquisita zona de transição dentro de S.Paulo, porém no fim das tardes um Sol tépido, ofuscante e intrometido invade os apartamentos da muralha. Sempre foi, e continua sendo, um endereço procurado por artistas e intelectuais, por gente interessante e interessada.

Num desses edifícios – o mais baixo, a esquerda – funciona a Escola de Teatro da Prefeitura, e os térreos dos outros prédios acolhem os palcos experimentais e questionadores de cena do teatro paulista: Sátiros, Parlapatões e outros.

Todo mundo que morou ou estudou em S.Paulo frequentou a região, os bares, os teatros e, seguramente, o velho e saudoso Cine Bijou, para assistir filmes cabeça. cabeça.

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