quinta-feira, 5 de março de 2015

7 TÍTULOS ROUBADOS

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Umberto Eco imagina um náufrago preso num navio vazio, flutuando – sem sair do lugar – numa praia paradisíaca dos Mares do Sul. Apesar de próximas as areias são inalcançáveis porque o barco está detido pela calmaria, o rapaz não sabe manobra-lo e, pior, também não sabe nadar.
A Ilha do Dia Anterior está localizada exatamente no limite do ontem do meridiano de Greenwich.

Casa Tomada é um ícone do Realismo Fantástico Latino-americano, o conto de estréia de Julio Cortázar, publicado numa revista editada por J.L.Borges. Narra a história de um velho casal de irmãos – meio machadianos  que têm a casa invadida, cômodo a cômodo, por uma força estranha até serem expulsos.
Como seria a casa de alguém, desacreditado do amor, tomada, devagar, pela presença do amante.

Gilgámesh, talvez a primeira epopeia escrita, fonte da Bíblia. Conta a história mítica das civilizações mesopotâmicas. O verso inicial ‘Ele que o abismo viu. O fundamento da terra’, a morada dos deuses, o que havia antes do dilúvio. De onde veio a argila de que os homens são feitos.
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Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust é um labirinto acolchoado de sete volumes que muito poucos conseguiram atravessar. É fácil e delicioso perder-se nas recursivas caminhadas do autor pelos evanescentes passados, seus e da França. Alguns personagens são inesquecíveis como Odette de Crecy – quase uma síntese das personagens coquetes francesas – que gostava de enfeitar os seios com catléias.

Jaguardarte (Jabberwocky) é um poema de Lewis Caroll, aparece no livro ‘Alice no Mais das Maravilhas’. Introduz uma fera tão estranha e assustadora que para descrevê-la é preciso inventar palavras novas. Feito um violino, tangido por um arco serrilhado, deturpando todos as notas. Traduzi-lo é um desafio imenso, porque – como cria palavras – para vertê-lo é necessário transpor também o espírito, a melodia, o ritmo e a sonoridade da língua anfitriã.
No Google existem várias versões disponíveis, a de Augusto de Campos é excepcional.


José Geraldo Vieira foi um dos melhores romancistas do século passado. Que, por razões transversas, a crítica 'oficial' esqueceu. A Ladeira da Memória é um romance belíssimo, passado durante a II Guerra, fala de um homem num dilema de amor, entre uma mulher viva e outra morta. Tudo acontece numa romântica viagem de trem SP-Rio.

Grande Sertão: Veredas é de 1956, sessentão. Afora o trato com o diabo, o outro redemoinho do livro é uma história de amor arrevesada, um jagunço reluta em dúvidas, se ama ou não outro jagunço de olhos verdes, que, na verdade, é uma mulher travestida. Antecipação – numa chave inusitada – das discussões sobre gênero que empolgam este começo de século.


10 comentários:

  1. Transcrito do Facebook - Grupo Castelo Literário (www.facebook.com/groups/casteloliterario)
    Maria Luíza Faria
    || Ah, poeta, ainda existem damas que não resistem a um belo poema... E se deixam seduzir por rimas apaixonantes. Parabéns! Não resisto...rs ||

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  2. Transcrito do Facebook - Grupo Castelo Literário (www.facebook.com/groups/casteloliterario)
    Suely Sette
    || E como não gostar poeta amigo Douglas Bock! Seus versos em busca das Damas de ontem fazem-me refletir...Andariam perdidas pelas madrugadas insones dessa vida em busca de versos assim tão preciosos? Irresistível não se aproximar de seus versos e tudo mais de precioso que encontro no "Blog Paulistano"...Abraços meu amigo...As músicas de ontem ainda atraem as Damas de agora...Boa noite! ||

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  3. Transcrito do Facebook
    ANDRÉ DA PONTE - Esse não ´é um poema, caro Douglas Bock. Isso é um poemação. Muito obrigado por este presente que salvou meu dia, grande poeta. Parabéns !!!

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  4. SUELY SETTE - Administradora do Grupo Facebook 'Castelo da Literário' - "Morada dos tempos,berço dos instantes..."
    Vale a travessia conturbada e incerta, para se chegar "A Ilha Do Dia Anterior "
    De certa forma a incompletude humana, busca em inusitadas paragens o que ainda não conhece.
    Douglas Bock é desafiador e igualmente instigante seu lindo poema!

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  5. Transcrito do Facebbok
    SUELY SETTE - Tivesse Gilgamesh um suspiro de sua sensibilidade outra seria a história,diferente a lenda do Rei da Suméria.
    Encantamento puro.No abismo de tantas contradições ele se rende e encontra nela a redenção.
    Emocionou-me de fato!
    Só para lembras Gilgamesh ainda hoje é citado nas series de jogos Final Fantasy... Que sensibilidade encantadora Professor Douglas Bock!

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  6. Transcrito do Facebook
    VILMA SILVA - Belíssimo! E alinhado à grandeza do Grande Sertão

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  7. Ladeira da Memória traz sentimentos de saudade do "que era para ser e não foi"... Não li o romance de José Geraldo. Mas seu comentário me fez pensar em todos que a crítica esqueceu ou ignorou. Penso que essas instituições são limitadoras e cumprem quase nada do que deveriam cumprir. A crítica é, na verdade, um trabalho árduo e custa muito sustentá-lo. O público, se houvesse, é que seria o crítico ideal. Mas não há educação no Brasil dirigida para a leitura, apreciação da arte literária e dos seus benefícios para a formação de uma psique saudável.

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  8. Vilma Silva, obrigado pelo comentário. Não sei se sabe, mas José Geraldo Vieira durante os longos anos de esquecimento crítico foi Professar da Faculdade Casper Líbero.

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