sexta-feira, 4 de setembro de 2015

MOLHO DE TOMATE COM BANANAS

Desde criança molho para macarrão é o componente culinário que mais me intriga e desafia. Quando visitava minhas tias maternas (seis), além da fome de garoto, a principal motivação era apreciar a versão particular de cada uma delas para este componente.

Minha avó, Dona Catarina Rossi, deve ter ensinado a mesma receita para todas as filhas, porém cada uma – com salutar rebeldia – desenvolveu uma maneira diferente de obedecer à nona.  

Tia Maria se atinha às carnes, preparadas à parte, antes de entrar na orgia da panela.

Tia Francisca cuidava dos tomates, cozidos e despelados manualmente antes da confraternização geral.

Dina, a tia mais séria, cuidava dos temperos, ervas cultivadas na horta do fundo da casa, porém usados como penitência, com parcimônia e comedimento.

Tia Onofra, homenagem ao santo beberrão, era ousada e audaciosa, em seus molhos apareciam coisas que nunca havia comido antes. Acho que vêm desta irmã caçula minhas infrações culinárias.

Na Colômbia cansei de comer banana: ‘patacon’ o tempo todo. Então, durante as excursões, talvez influência peri-espiritual de minha tia Onofra, me ocorreu que nunca tinha experimentado molho de tomate com sabor banana. Voltei para casa determinado, resolvi avassalar.

Gosto de transgredir nos meus molhos – preparo vários inspirados em minhas tias. Pensei muito antes de ir para a cozinha, decidi preparar um combinado de carne moída, berinjela e alcaparras. Com temperos exagerados, impensáveis para minha tia Dina. A banana entrou no fim  como a tia Onofra que chegou temporã  semi-verdes, em rodelas, quinze minutos de cozimento, esmagadas com a colher nas paredes da panela.

Ficou ótimo, muito além dos meus mais otimistas prognósticos, comi dois pratos cheios, com meia garrafa de vinho. O que me sobrecarregou com o compromisso de ser rigoroso no jantar.


Vou treinar mais duas vezes antes de convidar meus queridos amigos glutões.

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