O Crime do Castelinho da Rua Apa é a tragédia favorita dos
paulistanos.
Eclodiu em 12 de maio de 1937, uma quarta feira. Convocada, a policia encontrou três cadáveres num palacete com torrinha na Avenida São João. A mãe (Maria Cândida Guimarães dos Reis, 73) e dois filhos (Álvaro Cézar dos Reis, 45, e Armando Cézar dos Reis, 43). Conclui-se por assassinato duplo e suicídio, apesar das incongruências na cena dos crimes.
Naquele momento a cidade surfava numa enorme onda de crescimento, empoderada pela industrialização. O morticínio aconteceu na região mais sofisticada de S. Paulo, os Campos Elísios, e envolvia a nata da elite bandeirante. Álvaro, o playboy, vítima ou assassino múltiplo, era um ‘sportman’ celebrado, dono de cinema, conhecido patinador e proprietário da primeira moto ‘Indian’ que estridulou pelas avenidas da paulicéia desvairada.
Eclodiu em 12 de maio de 1937, uma quarta feira. Convocada, a policia encontrou três cadáveres num palacete com torrinha na Avenida São João. A mãe (Maria Cândida Guimarães dos Reis, 73) e dois filhos (Álvaro Cézar dos Reis, 45, e Armando Cézar dos Reis, 43). Conclui-se por assassinato duplo e suicídio, apesar das incongruências na cena dos crimes.
Naquele momento a cidade surfava numa enorme onda de crescimento, empoderada pela industrialização. O morticínio aconteceu na região mais sofisticada de S. Paulo, os Campos Elísios, e envolvia a nata da elite bandeirante. Álvaro, o playboy, vítima ou assassino múltiplo, era um ‘sportman’ celebrado, dono de cinema, conhecido patinador e proprietário da primeira moto ‘Indian’ que estridulou pelas avenidas da paulicéia desvairada.
Talvez seja nosso mistério preferido porque deixou um 'castelo' em ruínas, um alfinete vermelho e piscante enterrado no mapa da cidade. Como nos contos de horror, sobrou um castelo
abandonado e em ruínas para lembrar as mortes sangrentas e acolher os fantasmas intranquilos.
O Castelinho da Rua Apa – enfim e aleluia – esta sendo
restaurado. Era a intervenção mais reclamada e exigida em todos os grupos e
sites que cuidam da memória de Sampaulo.
Entretanto, o ponto mais extraordinário dessa história, a
estrela mais brilhante dessa galáxia de versões, enigmas e lendas que se expande vertiginosamente pela
Internet, é uma personagem menor, comprimária nessa ópera sangrenta. Quem sabe um anjo - além do bem e do mal - para contrastar essa desgraça tão cheia de desamor.
‘Baby’ – a
Dona Maria Cândida da Cunha Bueno, namorada de Álvaro, o playboy, que foi
apontado pela polícia como homicida e suicida. Era uma destas mulheres excepcionais, capazes de parir as virtudes do mundo.
Escassamente fotografada, Baby, da alta burguesia paulista, era uma libertária intrépida e prematura. Atropelava todas as convenções
conservadoras da época. ‘Separada’ do marido, quando isso era proibido por Deus
e pelos homens, por dez anos 'ficou junto' com o namorado, quando esta expressão ainda
nem tinha sido inventada.
Contudo, o mais espantoso da saga, foi sua absoluta
fidelidade ao amado. Sempre defendeu a inocência do parceiro, afirmava o que o
matador era o irmão mais novo, Armando, o moço 'sério, mas de espírito maligno'.
E não para aí, o mais bonito desse drama insólito é que Dona
Maria Cândida da Cunha Bueno, a perpétua Baby, que viveu quase reclusa por 51
anos, tinha uma missão sagrada – desde o crime em 1937, até sua morte em 1988, com 97 anos – todo mês, dia 12, para prantear a morte do cúmplice querido, levara flores no túmulo do amante, no
Cemitério da Consolação.
Túmulo da Família Reis no Cemitério da Consolação
Foto rara de ‘Baby’
Dona Maria Cândida da Cunha Bueno
Em 07/abril/17 na reinauguração do Castelinho da Rua Apa, Andreia Venturoso afilhada de Dona Baby comentou duas vezes esta publicação e colocou uma fotografia rara da 'Anja do Castelinho'.
Andreia Venturoso Essa história é verdadeira e dona Baby é minha madrinha de batismo, me comove sempre em lembrar, ela faleceu em 1988 com 97 anos
Andreia Venturoso Essa foto é do meu batizado em 1971! Madrinha Baby a esquerda