terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Edifício dos Terraços de Cinema


Quase todos os prédios de Higienópolis têm histórias interessantes, são obras de arquitetos famosos – usavam o bairro como galeria, vitrine para exibição dos seus (deles) talentos. Por isso sempre acabamos descobrindo novas curiosidades envolvendo estes ‘palácios’. 

O Edifício Domus, na esdruxula confluência em ‘U’ das ruas Sabará, Marquês de Itu e General Jardim tem muitas peculiaridades. Os apartamentos são imensos, um por andar, quase 500 m2. Seus arquitetos – Ermanno Siffredi Maria Bordelli – eram formados em Milão e vieram tentar a vida em S.Paulo. Fizeram sucesso, além do Domus e do ex Hotel Hilton (a torre circular que compõe o triangulo ‘magico’ com Itália e Copan), construíram também a Galeria do Rock (ou, oficialmente, Centro Comercial Grandes Galerias), o 'Le Village' (em frente do Espaço Itaú de Cinema), a Nova Barão e o Centro Comercial Bom Retiro. Observem bem, todos conjuntos têm a mesma 'cara'.

Contudo, a curiosidade maior que intriga os caminhantes atentos do bairro é o inusitado desenho dos terraços do Edifício Domus, que envolvem os vastos apartamentos do prédio. Somente entendi o mistério da referência estranha e inusitada quando meu filho, que trabalha com cinema, me revelou o segredo da esquisitice: ‘são rolos de película de antigos filmes de celuloide’.

Na virada dos anos 50/60 o Cinema Italiano, por causa do Neo-Realismo, estava em voga, voando alto, era o principal ‘ismo’. O casal de arquitetos era milanês e fã da sétima arte, por isso resolveu desenhar os terraços homenageando o talento de Fellini, Visconti, Antonioni, Pasolini...

O problema é que agora, cada vez que passo por lá, me dá saudades da Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Claudia Cardinale, Sylva Koscina...