No meio do miolo de S. Paulo, no último andar do Mosteiro de S. Bento, lá
no alto, como um campanário numa realidade alternativa, se esconde a Capela dos Patriarcas, uma das mais belas, místicas e luminosas da cidade. Preservada para uso restrito
do monges, internos e alunos do mosteiro, colégio e faculdade.
Um espaço isolado e reservado, com riquíssimos vitrais e lindas pinturas, que, por longo tempo, esteve fechado, interditado para reformas. Parece um pedacinho da Alemanha transportado para S. Paulo. As pessoas que o conheciam talvez já tenham esquecido, e, depois da reabertura, com restauração parcial, foi muito pouco visitado.
Um esconderijo mágico, fora do tempo e do mundo profano. Porque capelas
sempre têm alguma coisa de frutas secas, guardam dentro delas um sabor
agridoce, úmido, ao mesmo tempo antigo e novo; preservam o cheiro, o calor, o
mistério e a frescura dos tempos passados, ou da vida eterna quem sabe, Sempre protegidas por cascas rugosas.
A capela iluminada é uma construção recatada, resguardada, de louvor e de fé. Está sobrecarregada de referências, ilustrações e citações das mais preciosas lendas e símbolos do catolicismo tradicional. Sabedoria antiquíssima, para muitos cifrada e desconhecida, mas que, silentes e dúbias, carregam as tradições mais profundas da cultura ocidental.
Teto estrelado da Capela dos Patriarcas |