Dia 12 de janeiro assisti no MIS (Museu da Imagem e do Som) o episódio piloto da 'Série ATROFIA', seguido por um debate entre o público e os realizadores.
Proposta intrigante. Num futuro indefinido os efeitos
colaterais (desconhecidos ou escondidos) de alguns medicamentos provocam uma
regressão na capacidade cognitiva de 80% da população, como consequência a
produção de bens e serviços do mundo é colapsada. A cena é pós-apocalíptica,
num universo decadente, ressequido e desolado vagam os ‘atrofiados’, solitários
ou em manadas. Interessados somente em comer, principalmente seus semelhantes.
Os poucos ‘salvados’ tentam permanecer vivos e sãos. Também, se possível, garantir
a esperança e os sonhos, desejos e valores da civilização.
Não é uma distopia nova, o cinema – desde que ganhamos o
superpoder da destruição em massa – têm visitado com prazer, temor e terror
esta possibilidade. A 'Série ATROFIA', entretanto, neste novo enfrentamento do
tema, apresenta três novidades instigantes.
1. Os ‘atrofiados’ estão vivos, são seres humanos, não
zumbis. Pode-se mata-los? Aí reside o cerne da conturbada questão da
reivindicação de humanidade. Pergunta que perpassa, por exemplo, a saga Blade
Runner.
2. A 'Série ATROFIA' projeta que a paisagem do mundo depois
do fim será parecida com a Caatinga. Uma aposta sábia, avisada e promissora. Caatinga e um bioma estranho e único, só existe no Brasil. Não é absurdo
argumentar que a Caatinga seja um tesouro visual nacional.
Talvez um dos segredos dos nossos dois grandes sucessos em Cannes,
os filmes ‘Cangaceiro’ <1953> (mesmo filmado no interior paulista) e ‘Dragão
da Maldade Contra o Santo Guerreiro’ (Antônio das Mortes) <1969>, resida exatamente na exploração da Caatinga. Se aproveitaram deste visual retorcido e inusitado para
impressionar e cooptar as plateias de Cannes.
3. Fotografia. A paleta de cores e as imagens do filme saturadas de
cinza, brutalidade e crueza, sobrepostas à Caatinga, é quase sinergética (entra
por todos os sentidos), seca, táctil e ininteligível. Mistura da aurora da Terra com o pós armagedom.
Gostei das ideias, será interessante acompanhar o desenvolvimento
da história.
Os produtores informaram que já estão roteirizados os oito próximos episódios. Que sejam logo produzidos.
Os produtores informaram que já estão roteirizados os oito próximos episódios. Que sejam logo produzidos.
Abaixo a Equipe do Episódio Piloto.
Diretores Geisla
Fernandes e Wllyssys Wolfgang
Roteiristas Geisla
Fernandes, Rony Saqqara e Wllyssys Wolfgang
Dir. Produção Fernanda
Regis
Dir. Fotografia Robério
Brasileiro e Vinícius Bock
Dir. Artística Marcio
Motokane
Dir. Arte Ilana
Coelho e Paulo Felipe
Patrocínio Edital
Audiovisual – Funcultura / Fundarpe
Audiovisuais Cia
Biruta de Teatro, Alternativa B Filmes, LA Cine e Video,
Apoiadores Senai-Petrolina e Prefeitura Municipal de Petrolina
Museu da Imagem e do Som (MIS-SP)
Abajour Soluções
Museu da Imagem e do Som (MIS-SP)
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