terça-feira, 26 de março de 2019

Anarquistas – Um Exercício de Moralidade


Anarquistas – Guerra Civil Espanhola – Um Exercício de Moralidade’.
Era o nome da monografia que escrevi, em maio de 1996, para o Curso ‘História Ibérica I’, do Prof. José Carlos Sebe Bom Meihy, no Departamento de História da USP.

Consegui nota nove e alguns comentários do mestre (publicados junto com a monografia, abaixo).

No trabalho revisitava quatro pontos:
– a Guerra Civil Espanhola como principal e maior conflito de conscientização politica do século XX;
– dificuldades dos acordos firmes entre Anarquistas (libertários, individualistas e moralistas) e Comunistas (movimentos de massas);
– o Anarquismo como uma pulsão endêmica, ou alarme de perigo iminente, que as pessoas têm contra a massificação e excesso de autoridade; e
– presença do Anarquismo na Internet em 1995.

Foi boa ideia abordar a Internet e sondar sua abrangência em maio de 96. Na ocasião fiz duas buscas no ‘AltaVista’ (o Google daqueles dias) com dois argumentos: ‘anarchism’ e ‘spanish civil war’. Refazendo as pesquisas em março de 2019, foi interessante confrontar os resultados (ver acima).
  
Será que na Internet ainda existe espaço para o Anarquismo? Redes Sociais são a estera dos Anarquistas?

Texto completo: Anarquistas – Um Exercício de Moralidade 

Anarquistas - Um Exercício de Moralidade 



quarta-feira, 20 de março de 2019

Casas Suspensas da Rua Genebra – Tudo pode mudar


A Rua Genebra – uma homenagem a Dona Genebra de Barros Leite (1783-1836), esposa do Brigadeiro Luís Antônio de Souza e de José da Costa Carvalho – agora é descontinua para carros, porque foi cortada pela Rua (antes avenida) Dona Maria Paula, sogra do seu filho (Barão de Souza Queiróz) e meio paralela a Rua Francisca Miquelina, sua filha. Uma região familiar, quase um mapa genealógico.

Pequena, tem apenas três quarteirões, um do lado do Centro e dois no miolo do velho Bixiga.

As residências da foto – no quarteirão do meio - são remanescentes das primeiras décadas do século XX. Até os anos 50 enfeitavam o topo de uma pequena colina do lado ímpar da Maria Paula, tinham portas ao nível da rua e vista para o centro da velha S.Paulo. Porém, depois da construção do Edifício Planalto (1953) e as intervenções da Prefeitura para oferecer melhores facilidades urbanísticas, as casas, de repente, ficaram suspensas, feito gaiolas dependuradas no alto de um paredão, longe da rua. Acesso difícil. Então começou o longo período de decadência.

O bom é que, surpreendentemente, nos últimos dois anos – como mostram as fotos – melhoraram muito. É bom ver S.Paulo criando jeito e juízo.

Gostaria de agradecer a Alexandre Giesbrecht, de quem emprestei a foto antiga, e recomendar seu excelente artigo: ‘As casas suspensas da Rua Genebra’.

sexta-feira, 15 de março de 2019

3 Edifícios do 'modernista' Gregori Warchavchic


Para aqueles que conhecem o rosto de S. Paulo tem traços marcantes, feições bem definidas e belezas sutis, austeras e discretas. Para estes é fácil gostar e até se apaixonar pela cidade.

Nossa urbe não possui acidentes geográficos espetaculares, como rios, montanhas, praias... Até a tímida Colina de Piratininga – razão da fundação da vila - foi aplainada, engolida por garagens e subsolos dos prédios ou obliterada pelas ruas e construções.

Porém alguns arquitetos souberam inventar, sobrelevar e ressaltar um certo perfil, charme e caráter paulistano. Um bando ousado, diverso e admirável. Pelo prazer de relembrar pode-se falar de Ramos de Azevedo, multiplicado e omnipresente; Christiano Stockler das Neves do Edifício Sampaio Moreira e da Estação Júlio Prestes/Sala S.Paulo;  Copan e as outras três obras de Niemayer; casal Siffredi e Bordelli do Hotel Hilton e das Galerias do Rock e Nova Barão; o colorista extravagante Artacho Jurado dos prédios Louvre, Viaduto e Planalto, para ficar no eixo São Luiz/Maria Paula. Dezenas de artistas que estão por aí, nos prédios e nos livros..

Contudo, quem ousou intervir no jeito Belle Époque da jovem e ansiosa metrópole, dando a ela vieses e escândalos modernistas, foi Gregori Warchavchic. Um arquiteto ucraniano, com especialização na Itália, que migrou para Brasil e se casou com uma herdeira Klabin. Seus primeiros projetos foram as três casas modernistas, a da Vila Mariana, Rua Santa Cruz, 325, e as duas do Pacaembu, Rua Itápolis, 961 e Rua Bahia 1126.

Construídas entre os anos 1928/30 provocaram agito. Foram assumidas como continuação da Semana de Arte Moderna. Le Carbusier visitou e elogiou a residência da Rua Itápolis. Lúcio Costa convidou o autor para dar aulas na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro.


Warchavchic viveu até 1972, aparentemente ativo. É curioso porém, depois disso tudo – comparado a outros arquitetos paulistas – deixou exígua obra construída, pouco apareceu na paisagem paulista. Além das três Casas Modernistas, projetou algumas poucas residências, a sede do Clube Paulistano e o ginásio do Hebraica.

Quanto a edifícios, apenas minguados três.

# 1940 – 
[2] Edifício Mina Klabin na Avenida Barão de Limeira, 1006 – prédio de 5 andares com um visual ainda moderno, limpo e sóbrio, recebeu o nome de sua esposa.

# 1953) – [3] Edifício Cicero Prado na Avenida Rio Brando 1703 – uma construção de 21 andares em formato de ‘U’, perto do viaduto sobre a linha de trem. Tem visual diferenciado. Certamente quem já passou por ele se espantou com a sofisticação e ousadia do projeto arquitetônico. Continua uma bela proposta, ‘um outro jeito de morar', Artacho Jurado aprovaria.

# 1958 – [1] Edifício Santa Margarida na Rua Martins Fontes 159 – modesto e escondido. Trata-se de um conjunto de dois edifícios interligados com fachadas para as ruas Martins Fontes e Álvaro de Carvalho, com garagens lojas e sobrelojas. Tem linhas neutras e comuns, nada denuncia a ‘paternidade famosa’. 

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Queria agradecer ao Matteo Gavazzi (Estadão), que no artigo ‘Um Warchavchik na Rua Martins Fontes’ despertou minha atenção para esta peculiaridade no portfólio do Gregori Warchavchic.


LInk para o artigo de Matteo Gavazzi

Link para as obras de Gregori Warchavchic