Para aqueles que conhecem o rosto de S. Paulo tem traços marcantes, feições bem definidas e belezas sutis, austeras e discretas. Para estes é fácil gostar e até se apaixonar pela cidade.
Nossa urbe não possui acidentes geográficos espetaculares, como rios, montanhas, praias... Até a tímida Colina de Piratininga – razão da fundação da vila - foi aplainada, engolida por garagens e subsolos dos prédios ou obliterada pelas ruas e construções.
Porém alguns arquitetos souberam inventar, sobrelevar e ressaltar um certo perfil, charme e caráter paulistano. Um bando ousado, diverso e admirável. Pelo prazer de relembrar pode-se falar de Ramos de Azevedo, multiplicado e omnipresente; Christiano Stockler das Neves do Edifício Sampaio Moreira e da Estação Júlio Prestes/Sala S.Paulo; Copan e as outras três obras de Niemayer; casal Siffredi e Bordelli do Hotel Hilton e das Galerias do Rock e Nova Barão; o colorista extravagante Artacho Jurado dos prédios Louvre, Viaduto e Planalto, para ficar no eixo São Luiz/Maria Paula. Dezenas de artistas que estão por aí, nos prédios e nos livros..
Contudo, quem ousou intervir no jeito Belle Époque da jovem e ansiosa metrópole, dando a ela vieses e escândalos modernistas, foi Gregori Warchavchic. Um arquiteto ucraniano, com especialização na Itália, que migrou para Brasil e se casou com uma herdeira Klabin. Seus primeiros projetos foram as três casas modernistas, a da Vila Mariana, Rua Santa Cruz, 325, e as duas do Pacaembu, Rua Itápolis, 961 e Rua Bahia 1126.
Construídas entre os anos 1928/30 provocaram agito. Foram assumidas como continuação da Semana de Arte Moderna. Le Carbusier visitou e elogiou a residência da Rua Itápolis. Lúcio Costa convidou o autor para dar aulas na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro.
Warchavchic viveu até 1972, aparentemente ativo. É curioso porém, depois disso tudo – comparado a outros arquitetos paulistas – deixou exígua obra construída, pouco apareceu na paisagem paulista. Além das três Casas Modernistas, projetou algumas poucas residências, a sede do Clube Paulistano e o ginásio do Hebraica.
Quanto a edifícios, apenas minguados três.
# 1940 – [2] Edifício Mina Klabin na Avenida Barão de Limeira, 1006 – prédio de 5 andares com um visual ainda moderno, limpo e sóbrio, recebeu o nome de sua esposa.
# 1940 – [2] Edifício Mina Klabin na Avenida Barão de Limeira, 1006 – prédio de 5 andares com um visual ainda moderno, limpo e sóbrio, recebeu o nome de sua esposa.
# 1953) – [3] Edifício Cicero Prado na Avenida Rio Brando 1703 – uma construção de 21 andares em formato de ‘U’, perto do viaduto sobre a linha de trem. Tem visual diferenciado. Certamente quem já passou por ele se espantou com a sofisticação e ousadia do projeto arquitetônico. Continua uma bela proposta, ‘um outro jeito de morar', Artacho Jurado aprovaria.
# 1958 – [1] Edifício Santa Margarida na Rua Martins Fontes 159 – modesto e escondido. Trata-se de um conjunto de dois edifícios interligados com fachadas para as ruas Martins Fontes e Álvaro de Carvalho, com garagens lojas e sobrelojas. Tem linhas neutras e comuns, nada denuncia a ‘paternidade famosa’.
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Queria agradecer ao Matteo Gavazzi (Estadão), que no artigo ‘Um Warchavchik na Rua Martins Fontes’ despertou minha atenção para esta peculiaridade no portfólio do Gregori Warchavchic.
LInk para o artigo de Matteo Gavazzi
Link para as obras de Gregori Warchavchic
Queria agradecer ao Matteo Gavazzi (Estadão), que no artigo ‘Um Warchavchik na Rua Martins Fontes’ despertou minha atenção para esta peculiaridade no portfólio do Gregori Warchavchic.
LInk para o artigo de Matteo Gavazzi
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