Quem primeiro viu Dalva parada e perdida na esquina foi
Dóris. Olhou, virou a cabeça para ver melhor e latiu abobalhada. Alertada, Deise
foi até a janela, sexto andar, e viu uma mulher, atarantada e assustada, olhando
para cima e para todos os lados. O farol mudou duas vezes e a moça não saiu do
lugar.
Os problemas de Deise naquele dia estavam na sua agenda
superlotada de compromissos. Precisava fazer um monte de ligações, dar um jeito na casa, levar Dóris para passear e passar pelo consultório. Não havia conseguido
desmarcar várias consultas. Ficar sem empregada era como nadar num tsumane
prologado.
Uns 20 minutos depois Dóris voltou a latir assanhada e
esganiçada. Deise, de novo, foi até a janela. A mulher continuava no mesmo
lugar olhando as ruas e os prédios, aflita e desamparada.
“O que esta acontecendo com aquela coitada?”