Para conhecer os fantásticos e incomparáveis ‘Bronzi di
Riaci’ – do século VII a.C. - é preciso atravessar incontáveis camadas de Tempo e viajar para a unha do dedão da Itália: Reggio Calabria, cidade resiliente, tatuada
por terremotos.
No mundo inteiro existem cinco estátuas helênicas de
bronze completas, duas delas (as melhores, já visitei as outras três) resistem no
Museu Nacional da Magna Grécia.
Porque são tão raros os bronzes clássicos? Porque existem
tão poucos?
Por causa do material. São de bronze. Nas guerras antigas os primeiros escolhidos para virarem armas. Estas duas obras de arte salvaram-se porque permaneceram – até ontem, 16 de agosto de 1972 - quietas
e submersas, a 6/8 metros, numa praia do Mar Jônico, sul da Itália. Naufrágio, descarte de peso? Anda não sabemos a verdade inteira.
Foram descobertas por um mergulhador amador
guiado pelo acaso.
O mais importante, porém, vai além desse enredo de
Indiana Jones, está nas próprias obras.
Fiquei longo tempo apreciando essas duas excrescências maravilhosas,
são impressionantes. Não sei se a qualidade artística delas foi ou será algum dia
alcançada novamente? Acho que não. Cada nervo, torção, gesto, zona corporal é
perfeita. E, pode-se descartar o acaso, as tramas da sorte nos deram duas, uma confirma a outra.