sexta-feira, 26 de maio de 2017

Ex Machine – Pitacos no Escuro


O filme Ex Machine avança para se firmar entre os principais atratores estranhos do Cinema e da Cultura Pop. Contudo, ainda é incerto saber se vai orbitar Blade Runner ou compor com ele uma estrela binária. Porque é imenso o diálogo entre os dois, em diversas camadas: amor entre humano e androide; foco no Teste de Turing, ou, mais precisamente, no Teste de Voigt-Kampff. Aquele interrogatório a que se submetiam os ‘bonecos’.

Na verdade os questionamentos do Voigt-Kampff transcendem largamente os do Turing (veja mais).  Por isso é uma aposta ganhadora cravar que Ava – a robô reluzente, a Eva do milionário Nathan – seria reprovada no Teste de Blade Runner.

Para passar no Teste de Turing, rigorosamente, o entrevistado precisa apenar parecer que pensa.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Quando Encontrei Horla (Livraria Lello / Porto)


Sempre surpreende como alguns livros chegam aos seus leitores. Parece que têm a candente capacidade de se tornar omnipresentes quando querem ser encontrados pela pessoa certa. Já contei como ’O Livro dos Cantares – She Keng’, uma vasta antologia de poesia chinesa, editada pelos Jesuítas Portugueses (Macau / 1979) colidiu comigo (< leia a crônica >). São tão malucos estes momentos que, deles, não se pode excluir nem a Sincronicidade de Jung, nem o emaranhamento quântico.

A manifestação do livro de contos fantásticos de Guy de Maupassant também foi extraordinária, numa hora inesperada e num lugar de desdobramentos, dimensões e desvãos mágicos.

O autor francês, um dos contistas mais célebres da Literatura Ocidental, é influência declarada de vários ícones da Literatura Gótica Clássica e do Gênero Weird.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

7 FÁBULAS FAUVISTAS

[...]
O homem é cativo do Tempo, só a mágica da mulher pode carrega-lo para o futuro.

Alan Turing era apaixonado pela cine-fábula da Branca de Neve,
Para morrer escolheu morder uma maça envenenada com cianeto.
Entrada ou saída do paraíso?


Toda mente é prisioneira numa torre de cinco janelas,
pode ver, ouvir, falar e, ás vezes, rir ou chorar.
Olhar é jogar as tranças.


Houve um tempo em que os filmes de amor acabavam com um beijo
que resolvia todos os problemas do mundo.

Como escapar  dos perigos da vida lobo?

Com o que vamos nos parecer
quando acabarmos de crescer?  

O que mais intriga no sono da 'Bela Adormecida', é quanto tempo
durou e o que a bela sonhou.







terça-feira, 9 de maio de 2017

PALAVRA APÓS PALAVRAS - BENTO FERRAZ


Li o livro azul de Bento Ferraz ‘Palavra Após Palavra’, página após página, poema após poema, porto após porto, paragem após paragem. Foi como navegar num barco a vela, porque a gente nunca sabe direito para onde o sopro da inspiração do poeta vai nos levar. Se a uma enseada, a uma noite estrelada ou à simples decifração dos mistérios arcanos. Os temas e as rimas são inesperados, incontáveis e surpreendentes como os rebrilhos das águas na superfície do mar.

O livro navega entre belezas e surpresas, nos carrega para o casulo mágico do autor, tecido entre vastidão do céu e a imensidão do mar. Às vezes os sentimentos poetizados e os achados poéticos são tão novos que precisamos ler outra vez para ir além da novidade e chegar ao entendimento e à fruição.

O conjunto de poemas semelha uma galáxia de maravilhas e espantos, de constelação de brilhos poéticos que supreendem, sempre e de novo. Nesse universo de assombros – com minha luneta finita – identifiquei três estrelas de primeira grandeza: ‘Ruptura’, ‘Neurônios de Orson’ e ‘Pelo menos até que a manhã chegue’.

Bento Ferral é um poeta de espectro largo, faz poesia de tudo.
Depois da leitura fiquei maior.