A Audiofilia, como todas as coisas do mundo, tem duas naturezas,
uma ‘física’ e outra ‘mental’. São metades
que não podem ser soldadas, e não podem ser separadas.
Nosso hobby também é atravessado pela grande tese da Filosofia
moderna, colocada por Descartes e ainda não superada. A cisão entre a mente e o corpo, que até hoje incomoda várias ciências, como, por exemplo, a
AI-Inteligência Artificial.
Nas eternas discussões que avivam os fóruns de Audiofilia
sempre aparecem argumentos de base ‘física’
querendo explicar coisas ‘mentais’, e
vice versa. Impossível, as metades estão completamente embricadas, contudo
são intrinsecamente diferentes. Frases como: ‘o som ficou
infinitamente melhor’; ‘a diferença não aparece no
osciloscópio’; ‘o palco ficou mais amplo,
arejado’; ‘não existe nenhuma evidência
científica dessa opinião’; só têm sentido na sua própria metade do
problema. Ado, ado, ado / cada um no seu quadrado.
Baruch de Espinosa apresentou uma intrigante formulação para esta questão, propôs que todas as coisas – inclusive a Audiofilia – podem ser
concebidas tanto pelo atributo ‘fisico’,
quando pelo atributo ‘mental’. Roger
Scruton (Grandes Filósofos: Espinosa
– Editora Unesp), um divulgador do
filósofo, ilustrou brilhantemente essa ambiguidade usando a Música como exemplo,
numa linguagem quase audiófila.