Na maioria deles Sampa é o verdadeiro personagem principal, mesmo escondido e escamoteado. Em ‘EROS, O DEUS DO AMOR’, por exemplo, os três primeiros minutos são uma devotada declaração de amor e carinho pela nossa cidade, tão diversa e cheia de alternâncias, carregada de arroubos e arestas. Um poema construído com carinho e paixão, imagem amorosas e voz em off.
A carreira de WHK foi longa, 45 anos,
de 1954 a 1999, em média um filme a cada dois anos. Durante o percurso vemos S.
Paulo mudar, debutar, se transformar até se estilhaçar, talvez pelo tamanho
exagerado.
Acompanhando os registros da cidade deixados
pelo Diretor, um viés sempre me espanta, confunde, estranha e deixa confuso: a ausência
de árvores nas nossas praças e ruas, durante as décadas de 50, 60, 70. As contraposições das fotos acima documentam esta anormalidade.
Em 1975 WHKhouri lançou ‘O DESEJO’, sua 14ª película, quase tudo acontece numa cobertura perto da Biblioteca Mário de Andrade, nela existem várias tomadas que mostram as praças e ruas próximas. Recentemente tive oportunidade de visitar e fotografar o local das filmagens. As imagens atuais repetindo os mesmos enquadramentos do filme demonstram que as ruas e praças de S. Paulo, apesar de tudo, estão muito mais arborizadas.
Gostaria que fosse um aceno de esperança, porém é muito pouco para combater a inexorável invasão do concreto. Talvez este texto seja um pedido de socorro.