Mais ou menos disfarçado como o beijo de Gustav Klimt.
Escondido atrás da porta via Nazinha beijar seu homem.
Fugaz, roubado de surpresa, era o aniversário de Anita.
Tinha eu cinco anos de idade, muita vida para um pobre cearense.
Éramos noivos, casaríamos um ano após, e só pegara em sua mão!
O homem de Nazinha abraçava-a com força, puxando-a pela cintura.
Trouxera-lhe um mimo; para fazer fita joguei-o de cima do burro.
Nazinha entregava-se inebriada aos carinhos afoitos do homem!
O pequeno pacote caiu, o relógio saiu da caixa, espatifou-se.
Não sabia que aquele agarrado era carinho; mais parecia briga.
Anita ficou triste, chorou. Prometi: no próximo sábado trarei outro.
Agarradinhos os dois gemiam; e eu não sabia por que sofriam tanto.
Se é uma coisa que sempre me perturba é choro de mulher.
No resfôlego, olhos fechados, mãos ávidas buscavam escaninhos...
No sábado seguinte trouxera-lhe outro presente. Agradeceu.
De repente Nazinha levanta a saia, embaixo nenhuma calcinha.
Os encontros dos sábados deviam-se às distâncias geográficas.
O homem foi à porta do quarto e olhou para os dois lados.
Ela em Amassabarro, ele em Cobral Brasil. Três léguas de distância!
Não viu ninguém. Voltou. Abaixou as calças, membro ereto. Grande!
Que cobria em lombo de burro: calo na bunda. Sacrifício!
O homem encostou Nazinha contra a parede, e penetrou-a. Um grito!
Sacrifício para compensar o qual ele pediu a ele um beijo. Negou, pudica.
Do esconderijo tremi de medo: estava a maltratar Nazinha?
Pediu então um copo d’água. Anita adentrou a casa e foi buscá-lo.
Agucei os ouvidos: não eram gritos e sim gemidos. Ela pedia algo.
Caneco de barro. Ao devolver o copo, rápido roubou um beijo.
O quê Nazinha pedia com insistência? Pedia: enfia mais!
Anita tremeu toda, lágrimas nos olhos: soluçava. Casta e pura!
Enfia mais! Enfia mais! Enfia... Mais... Assim! Assim! Ai, vou gozar!
- Por que choras, Meu Amor? Não fiz nada de errado. Somos noivos.
Deu um gemido tão forte, e mais outros e outros mais; desfaleceu.
- Minha mãe avisou sobre o perigo de beijos; podem até engravidar.
Desfaleceu não! De repente levantou-se, baixou a saia, agradeceu.
- Sua mãe é mal-amada, casou por imposição do pai dela.
- Você é bom com mulher – disse. – Vamos nos dar muito bem.
- Para que desfigurar um santo ato divino? Que até na Bíblia está!
- Você inda não viu nada. Na cama sou bem melhor. Jogo o jogo.
- Diz Pe. Marcondes que Bíblia é livro proibido. Bom é o Catecismo!
- Mas que jogo você joga? Por acaso a cunilíngua?
- Pe. Marcondes nunca leu a Bíblia; jamais aprendeu o Latim.
De onde eu estava ouvi bem claro: - Também a cópula anal?
- Tá nos Salmos da Sagrada: “Sejam os teus seios como os cachos...
- Oh! como gozo pelo traseiro: é intenso e longo. Vamos de novo?
... da vida e o aroma da tua respiração como o das maçãs.
- Pera aí, Meu Bem; dá um tempo! Em pé cansa demais.
... Os teus beijos são como o bom vinho.”
Gustav Klimt: por que disfarçar Der Kuss?
Os Outros Seis
Picasso
GUERNICA - 1937
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O Filho do Homem - 1964
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