Douglas Bock |
Para alguns
o que importa são suas crenças, que se constituem suas verdades. Para esses,
quem anda de ponta-cabeça não são eles, é o Mundo atual; que Charles Chaplin
caricaturou de forma genial no filme “Tempos Modernos”. Não se pode
compreender, dentro da filosofia aprendida de nossos antepassados, que um dos
dois partidos da “democracia” estadunidense resolva, por mero capricho
oposicionista, não votar o orçamento do país, do interesse do Mundo inteiro; do
interesse do Mundo inteiro porque todos estamos atrelado à economia dos Estados
Unidos uma vez que o dólar é a moeda internacional...
De
ponta-cabeça nos termos da doutrina cristã: “não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o critério com que
julgardes, sereis julgados.” (Mateus 7:1 e 2). Porém para certos juízes
surrealistas de agora, o domínio do fato, também conhecido como casuísmo da
moda, quer dizer, a falta de provas nos autos pode ser substituída pela
dinâmica das ocorrências; o “foi assim”
perdeu vez para o “não podia ter sido de
outra maneira”. A doutrina pagã da presunção do suposto.
Quando René
Magritte, talvez envergonhado com a sem-vergonhice do Mundo, resolve cobrir o
rosto de um retrato que pintara com uma maçã, é considerado um cara esquisito!
Logo e significativamente a maçã que, quando comida por sugestão de Eva a mulher
mereceu a maldição de padecer os sofrimentos do parto; e a terra, essa coitada
que somente produzira a macieira em que frutificou a maçã, pegou a sobra da ira
do Senhor: “... maldita é a terra por tua
causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá
também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo.” (Gênesis 3:16 a
18).
A partir daí
o Mundo se tornou injustamente distribuído. Carlos Drumond de Andrade poetou em
metáfora:
“Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.”
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.”
Má sorte
para o Ceará de cuja terra nem erva do campo nos é dado comer, só restou o
xiquexique e o mandacaru repletos de espinhos, e os paus secos da tórrida
caatinga estéril que nem para fazer casa de sapé serve. E muito cabra safado no
governo.
Destino
surrealista que o sábio Cego Aderaldo um dia cantaria assim:
Dá carrapato em farinha
Cobra com bicho-de-pé
Foice metida em bainha
Caçote criá bigode
Tarrafa feita sem linha.”
“Muito breve há de se vê
Pisá-se vento em pilão
Botá freio em caranguejo
Fazê de gelo carvão
Carregá água em balaio
Burro subi em balão.”
Mundo virado de cabeça para baixo ou escondido,
envergonhado, por tás da maçã de Magritte; sobre cujo Mundo cordelou Patativa
do Assaré quando precisou aposentar-se. Lembrava-se o vate matuto do que lhe
dissera, com pose de Escrivão, o burocrata do INSS:
“E me disse que só dava
Pra fazê meu apusento
Com coisa que eu só achava
No Antigo Testamento.
Eu que tava prazentêro
Mode recebê dinhêro,
Me disse aquele iscrivão
Que precizava dos nome
E também dos subrinome
De Eva e seu marido Adão.”
Os Outros Seis
Picasso
GUERNICA - 1937
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Salvador Dali
A Persistência da Memória - 1931
CLIQUE: 7 Quadros Quânticos - A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Edward Munch
O Grito - 1910
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Edward Hopper
Os Falcões da Noite (Nighthawks) - 1942
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Frida Kahlo
A Coluna Partida - 1944
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Gustav Klint
O Beijo (Amantes) - 1908
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