Há muito, muito tempo atrás, bem antes de existir computadores e Internet, colecionava carteiras de cigarros. 'Carteiras', não 'maços', porque era assim que os tios mais velhos chamavam.
Para guardar a coleção ganhei uma caixa de madeira sob medida. Mantinha as centenas de carteiras em rigorosa ordem alfabética. Ajudava a aprender ordenação e classificação. Depois da primeira letra da marca, a segunda, também em ordem alfabética. Cairo, Continental... e assim por diante.
Cada carteira nova era cuidadosamente aberta, com muita atenção nas partes coladas para não estragar. Um desastre quando o papel rasgava, tragédia maior ainda se a marca fosse difícil. Depois de aberto, o maço era alisado, ás vezes passado à ferro, para ficar bonito. Por último vinham as dobraduras para deixar as carteiras do tamanho de uma nota de dinheiro.
Para guardar a coleção ganhei uma caixa de madeira sob medida. Mantinha as centenas de carteiras em rigorosa ordem alfabética. Ajudava a aprender ordenação e classificação. Depois da primeira letra da marca, a segunda, também em ordem alfabética. Cairo, Continental... e assim por diante.
Cada carteira nova era cuidadosamente aberta, com muita atenção nas partes coladas para não estragar. Um desastre quando o papel rasgava, tragédia maior ainda se a marca fosse difícil. Depois de aberto, o maço era alisado, ás vezes passado à ferro, para ficar bonito. Por último vinham as dobraduras para deixar as carteiras do tamanho de uma nota de dinheiro.
Manuseando aquelas centenas de ‘cédulas’ era milionário.
Gastava horas seguidas repassando as carteiras, olhando os desenhos das
embalagens e sonhando. Não dá para garantir que os videogames e joguinhos eletrônicos sejam
melhores passatempos.
Lembro as que mais me encantavam, sobretudo pelo exotismo dos nomes: Araks, Belmont, Cairo, Consul, Douglas, Elmo, Finesse, Hollywood, Kent, Luxor, Minister, Piccadilly, Pullman, Urca...
Lembro as que mais me encantavam, sobretudo pelo exotismo dos nomes: Araks, Belmont, Cairo, Consul, Douglas, Elmo, Finesse, Hollywood, Kent, Luxor, Minister, Piccadilly, Pullman, Urca...
Este conjunto de lugares, países, regiões geográficas, posições
sociais, item sofisticados ou referências heráldicas se tornou um mapa de tesouros imaginários, que
precisava ser decifrado, nem que levasse a vida inteira.
Macedonia era a marca mais intrigante. O nome parecia uma bala feita de chocolate e hortelã com amendoim. Os cigarros eram baratos, o desenho do maço simples e despojado, e, pior, mudava com frequência. Depois tinha aquela cor ambígua, entre coral, alaranjado e vermelho, que simulava estar sonegando informações, querendo criar confusão. Então puseram uma medalha no layout, confundiram mais ainda. Não explicava nada, só lembrava uma premiação de melhor aluno da classe.
Quando perguntava o que era Macedonia, as respostas eram sempre diferentes, cada irmão ou tio dizia uma coisa. Não adiantou procurar na Barsa, o artigo
era longo, cheio de referências truncadas e confusas. Só entendi que tinha a
ver com o reino de Alexandre, o Grande; aluno de Aristóteles.
Desde então Alexandre e Macedonia passaram a ser sinônimos e aquela região inteira ainda continua confusa e misteriosa.
Desde então Alexandre e Macedonia passaram a ser sinônimos e aquela região inteira ainda continua confusa e misteriosa.
Adulto viajei por lá, mas ainda não aconteceu o estalo da compreensão. Quem sabe, na próxima visita...
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Boas recordações você me trouxe, ó Bock! Também colecionei carteiras de cigarros mas por outras vias nada nobres. Representava para nós, crianças da época dinheiro ao qual atribuímos valores, entre nós e nos serviam para jogar baralho apostando os ditos dinheiros. Até que um dia meu pai descobriu numa roda de "relancinho" apostando e tomei um tapa bem certeiro. R foi um tapa em boa hora. Perdi o gosto por jogo de baralho ou outro qualquer até hoje eu fujo de aposta. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirQuando escrevi Carlos, foi por duas coisas: a primeira, saudades; a segunda por medo (e certeza) de que que tudo isso cairá no esquecimento.
ResponderExcluirÉ, meu amigo. O pior de tudo é o esquecimento. Eu tenho um amigo de infância que vez enquando me referenda o tempo em que íamos às varrições do Cine Teatro São Luiz, em nossa cidade, procurar carteiras de cigarros e empreender o processo que você destacou. Vez ou outra achávamos Luck Strick e Camel. Ahhhhh! Isso significava ser milionário. De qualquer forma não era uma divagação feito a sua, porém preenchia-nos de fantasias com o rei Mamon. Éramos milionários, apenas e tão somente isso. Nada mais enchia-nos o coração do que nos acharmos e os outros amigos nos considerarem MILIONÁRIOS. Nada me preenche o espírito que me invadia o coração naquela época do que ser isso. Ela se esgotava nisso sem mais nenhuma complexidade, e era tudo para nos fazer felizes. Só mesmo a puerilidade.
ExcluirBom dia amigo colecionador. ..tudo bem? essas sensações e curiosidades tenho até hj ao manusear semanalmente minha coleção de maços de cigarro ...algo que tento passar pra meus filhos...mesmo já enraizados no mundo eletrônico virtual atual...em alguns momentos consigo entrete-los com a coleção ...despertando essas mesmas curiosidades históricas relacionadas às marcas antigas de cigarro
ExcluirAcho que esta lembrança das carteiras de cigarros foi feliz, meu amigo Carlos Gonçalves, porque recebi dezenas de comentários e mensagens falando com saudades das passadas coleções. Alguns me informaram até hoje guardam os estes tesouros antigos com carinho. Fiquei com inveja.
ResponderExcluirAh, os Fulgor do meu avô, aquela caixa em papel-cartão com um sol gigantesco em amarelo sobre azul... Era barato também, forte como os fumos goianos de corda que ele também fumava (e que ficava desfiando até que ele aprovasse). O luxo supremo para nós era conseguir uma caixinha de plástico com os Philip Morris
ResponderExcluirFernando,
ResponderExcluirFalar dessas coleções foi como uma ‘madeleine’ de Proust, tomo mundo voltou ao passado, e de uma forma carinhosa.
Os cigarros da marca Macedônia eram produzidos em uma fábrica no bairro do Belenzinho, zona Leste de São Paulo até a década de 1950. Morava perto da fábrica, que depois se transformou em um colégio, onde estudei.
ResponderExcluirA fábrica deve ter mudado de endereço,pois,1967 ele Ainda era produzido.Assim como o Fulgor.
ExcluirMuito obrigado pela visita ao Blog e pelas informações sobre os cigarros Macedônia.
ResponderExcluirColeciono ainda minhas riquezas... encontrei grupos de colecionadores e juntos vamos dando sequência a uma época que nunca deveria ter sido "esquecida".....vivo procurando novos colecionadores, coleções e marcas para agregar em minha coleção...mesma emoção de quando era criança....kkkk
ResponderExcluirEu de novo amigo ...faço aqui um convite aos saudosistas das coleçoes de cigarro...se um dia vierem a Santa Catarina. ..terei a satisfação de recebe-los e compartilhar o manuseio da s pastas de minha coleção...segue meus contatos : baldmurilo@gmail.com. ..whats 47 999675383...grande abraço !
ResponderExcluirOlá Murilo Gonçalves, muito obrigado pelo comentário, tenho muita curiosidade e ‘inveja’ pela sua coleção. Infelizmente, exceto pelas lembranças, não mantive minhas ‘carteiras’.
ResponderExcluirQual é a sua cidade em SC?
bom dia Douglas, tudo bem? sou de Blumenau, terra da cerveja, chop e octoberfest (e tbm infelizmente das grandes enchentes!); o convite segue aberto; se vier pra essas bandas algum dia, me contacte por favor, e terei a satisfacao de te mostrar as marcas !
ResponderExcluirsds
Murilo
É minha cidade Murilo Gonçalves, gosto de tudo isso. Já fui algumas vezes para Blumenau. Na próxima vou conhecer sua colação.
ResponderExcluirDouglas meu caro, comecei a colecionar embalagens de cigarros em 1976. De fato desde 1970 já guardava duas delas por motivos familiares. As tenho até hoje e desde 2016 estou digitalizando uma a uma e disponibilizando ao público na minha página do Facebook chamada: Coleção de Embalagens de Cigarros - Trade, Change, News, etc. https://www.facebook.com/acpadulacollectorpack/
ResponderExcluirEspero que consiga visitar pois além das marcas postamos artigos, histórias, pesquisa de fabricantes e opiniões acerca da indústria do tabaco no mundo e no Brasil.
Grande abraço.
Antonio Carlos Padula
Olá Antonio Carlos Padula, muito obrigado pela leitura e comentário.
ResponderExcluirVisitei sua página (acima indicada), é muito boa. Me agradou sobretudo a qualidade das imagens publicadas. Coloquei no meu ‘favoritos’ para acessa-la mais vezes.
Interessante tudo isso! Como despertou velhos sentimentos e histórias nos leitores! La recherche du temps perdu, como acentuou você com propriedade.
ResponderExcluirComo já conversamos, fiquei espantado com a repercussão desta crônica, alguns colecionadores muito sérios me contaram, um museu particular em Blumenau, colecionadores com 25.000 itens, alguns guardam os maços com os cigarros dentro.
ResponderExcluirNa década de 1950-60 o meu pai fumava em Luanda os cigarros MACEDÓNIOS, era uma caixa azul e a inovação era uma espécie de filtro castanho.Recordo-me bem desses cigarros, não Macedónia mas MACEDÓNIOSe tinha esfíngie de uma guerreiro macedónio.
ResponderExcluirPois é Rui Ramos, mesmo fora do Brasil os cigarros 'Macedônia' ou 'Macedónios' continuam sendo um mistério intrigante.
ResponderExcluirmeus irmaos ia para a escola eu ficava sozinho no cortico
ResponderExcluiros
os irmaos mais velhos iam para a escola ficava sozinho no cortiço indo comprar cigarros astoria para os velhos e ganhava um tostao
ResponderExcluirPois é. Nos anos 50 meu pai fumava esse cigarro. Ele me pedia: "vai lá no seu Chico (dono do armazem na Vila Guilherme, SP) pede um Macedônia e diz que daqui a pouco eu vou lá e pago." E assim eu ia, com cinco ou seis anos, e voltava com o maço de cigarro. Saudade daquele tempo.
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