Os chineses – sabiam como as coisas funcionam no Brasil – chegaram uma semana depois do carnaval e fecharam com tapumes o miolo do Centro Novo Sampaulista. Interditaram o Theatro Municipal, o conjunto escultórico dedicado a Carlos Gomes e os jardins de palmeiras adjacentes. O pátio de obras se espalhou pelas ruas em torno do teatro, grande parte da Praça Ramos de Azevedo, os baixos do Viaduto e metade do Vale do Anhangabaú. A misteriosa intervenção funcionava como um formigueiro bem coreografado.
O compromisso de eficiência era explícito, anunciado por um
luminoso no teto do teatro. O marcador contava, regressivamente, o cronograma
da obra: 40 semanas / 280 dias, quase a mesma duração de uma gravidez.
A invasão era imensa, barulhenta e incômoda, porém limpa, eficaz
e organizada.