quarta-feira, 12 de abril de 2017

Uma Utopia Sampaulistana


Os chineses – sabiam como as coisas funcionam no Brasil – chegaram uma semana depois do carnaval e fecharam com tapumes o miolo do Centro Novo Sampaulista. Interditaram o Theatro Municipal, o conjunto escultórico dedicado a Carlos Gomes e os jardins de palmeiras adjacentes. O pátio de obras se espalhou pelas ruas em torno do teatro, grande parte da Praça Ramos de Azevedo, os baixos do Viaduto e metade do Vale do Anhangabaú. A misteriosa intervenção funcionava como um formigueiro bem coreografado.

O compromisso de eficiência era explícito, anunciado por um luminoso no teto do teatro. O marcador contava, regressivamente, o cronograma da obra: 40 semanas / 280 dias, quase a mesma duração de uma gravidez.

A invasão era imensa, barulhenta e incômoda, porém limpa, eficaz e organizada.