quarta-feira, 26 de junho de 2013

LEDA E OS CISNES (Chorar resolve)

Os casamentos, como os cisnes, assediavam Leda desde garota. Com 37 anos colecionava matrimônios, filhos e ex-maridos, três de cada. Alguns sábados seu prédio parecia escola de meninos, os pais se aglomeravam no portão para pegar os filhos, às vezes levavam os meio-irmãos para programas comuns, acabaram ficando amigos. Conversavam sobre a ex-companheira com carinho, contudo, os diálogos eram surreais, falavam de mulheres diferentes.

Leda era cambiante, nunca se preocupava com casamentos, porém eles teimavam em sitiá-la. Sua vida era dividida em ciclos, cada seis anos mudava tudo e se reinventava inteira. Já havia sobrevivido a três metamorfoses: como rockeira, como universitária e como empresária. Em cada saga passava por uma transformação profunda, trocava de aparência, de amigos, de vocabulário e de objetivos. Quando terminava, acrescentava um filho e um ex-marido ao conjunto de astros de sua constelação e seguia em frente.

Os ciclos obedeciam leis e regras esotéricas. Principiavam com uma longa incubação, Leda se recolhia e evitava compromissos e decisões. Divagava, procurando alguma coisa impressentida suspensa no ar. Inopinadamente acelerava e entrava numa agitação urgente e dirigida. De fora tudo parecia aleatório e impensado, todavia, ela sabia exatamente para onde caminhava e o que queria. Então uma etapa diferente era inaugurada.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

CONTOS DE AUDIOFILIA - Ciência, Paixão e Mania

Edição eBook / Amazon - abril/2019


15 histórias falando dos excessos, extravagancias e descaminhos das pessoas envolvidas com o hobby da Audiofilia. A vida cotidiana tornada incomum por causa paixão pelos equipamentos de som.

Três falam do dia a dia dos audiófilos. N’O Céu dos Audiófilos' Deus é convocado para decidir. Em 'Diana Krall Não Tem Culpa' e 'O Bushido de Shobim e o Castelo de Som' Suzette e Inês tentam resgatar os maridos abduzidos pelas delícias da Audiofilia.

Quatro narrativas tratam dos excessos de amor pelo hobby. 'Wagner Croesus – Uma omissão na História da Audiofilia' é sobre a megalomania sonora. 'O homem que Ouvia ‘Cacos’ conta um caso de perfeccionismo maníaco. 'O Cafofo do Dr. Aluízio' empilha causos, engodos e ambiguidades. 'O Audiófilo da Sala das Esferas' explora bizarrices: quantas pessoas existem dentro de um audiófilo?

'Mãe Gracinha de Fúcsia e o ‘Terreiro' da 46th St' e 'Uma sala para Nina Simone' falam das mulheres envolvidas com a Audiofilia.

Outro quarteto de contos aborda singularidades da Historia da Música. 'Newton, Handel, a Lady e a Pinga do Alberg'. encontro dos gênios da Física e da Música. ‘Ménage à trois’ com Clara Schumann' imagina dois triângulos amorosos onde a grande pianista é o vértice. ‘Belle de jour’ e ‘A noiva do vento’ sobrepõem Catherine Deneuve, a esposa infiel de Buñuel, e Alma, a esposa de Mahler, num caso de amor juvenil. 'Nexo azul' brinca com os enigmas da produção da histórica gravação de Jazz: A Kind of Blue.

Por fim 'Buda no Sweet Pont e 'O Inexorável Avanço das Flores de Sal' arriscam enredos extraordinários envolvendo personagens e motivos invulgares magicados pela sutil arte da Audiofia.

Edição Em Papel / junho/2013




Edição capa dura / Encadernação artesanal

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

1894 - O ANO EM QUE A AUDIOFILIA NASCEU...

Se fosse preciso estabelecer a data de nascimento da Audiofilia, uma boa escolha seria 1894. Nesse ano, conforme a Wikipedia, a Berliner Gramophone "started marketing records with somewhat more substantial entertainment value, along with somewhat more substantial gramophones to play them.” Ou seja, o disco com música gravada, visando o entretenimento, passou a ser comercializado como item separado do player. Somente assim a Audiofilia pôde eclodir, porque, para o nosso hobby sutil, tanto os equipamentos, quanto as mídias, são componentes igualmente importantes.

Esta iniciativa também provocou outro desdobramento decisivo: a função ‘gravação’ deixou de ser imprescindível.  As novas ‘máquinas falantes’ podiam ser somente leitoras, e os compradores puderam se transformar apenas em ouvinte, mais ainda, em ouvintes exigentes. Em outras palavras, viraram audiófilos.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

PICNIC NA RUA AUGUSTA

Era um domingo de sol, aí um quarteirão da Rua Augusta (entre Marques de Paranaguá e Caio Prado) estava fechado para picnic. As crianças corriam, viraram cambalhotas e brincavam de roda ou pique. Enquanto os pais tomavam sol, comiam e bebiam refestelados em esteiras sobre o asfalto, assistindo Brasil e França.

Parecia uma volta ao passado ou uma utopia.

Tratava-se de uma simpática e bem humorada manifestação para apressar a aprovação do projeto de implantação de um parque no meio quarteirão formado pelas ruas Marques de Paranaguá, Augusta e Caio Prado. Antiga sede do Colégio Des Oiseaux, hoje uma preciosa área desacupada, cheia de árvores históricas e, faz anos, mal-usada como estacionamento.

Os moradores da vizinhança, enquanto a praça não ficar pronta, vão fazer alguns picnics na rua mesmo.


Sem a manifestação, e a resposta positiva da Prefeitura, a área poderia virar um ultra-mega-condomínio ou um hiper-supermercado. A região em torno esta se adensando de edifícios residenciais, portanto um parque no local seria excelente.

Aliás, grandes espaços verdes no Centro são raros, e a cidade esta mudando de perfil, portanto, a primeira inclinação dos poderes públicos deveria ser pela preservação desses tesouros ambientais, para incentivar o convívio pedestre e social dos moradores.


Ingenuamente, no fundo de nossos velhos corações treekies, ainda acreditamos na divisa Vulcana, ‘o bem de todos prevalece sobre o bem de alguns’.
Vamos passear no Parque Augusta?