A mais certa das certezas é que o publico do show Falso Brilhante de Elis Regina cresce continuamente. Sempre que pergunto para alguém se assistiu o show mítico, respondem: “Claro, eu estava lá.” Inclusive os mais jovens, que nasceram depois de 1977.
Bom, ‘claro, [eu também] estava lá’. E por duas vezes. Mas a
historia curiosa aconteceu na primeira, em 1976.
Meu amigo Marcião era mitômano, embusteiro e imprevisível,
mas, apesar de tudo, boa gente. Assistiu ao show quase na estreia e
voltou com uma dica sigilosa e excitante. Das cocheiras, dizia, porque gostava de apostar em cavalos.
Era no Teatro Bandeirantes, Avenida Brigadeiro Luiz Antonio. Lá, de um conjunto
de 12 ou 15 lugares,
no lado esquerdo, pouco depois do meio da plateia – ele sabia as fileiras e cadeiras – por causa da roupa diáfana e da iluminação feérica dava para ver Elis praticamente pelada em algumas músicas, inclusive os fartos pelos pubianos.
no lado esquerdo, pouco depois do meio da plateia – ele sabia as fileiras e cadeiras – por causa da roupa diáfana e da iluminação feérica dava para ver Elis praticamente pelada em algumas músicas, inclusive os fartos pelos pubianos.
Pelos pubianos! Hoje, nestes dias de fios e cabelos incertos,
quase desapareceram aquelas fofas pelugens intimas. Por causa da moda as mulheres e os homens estão se depilando freneticamente. Porém, naquela época, as zonas pilosas eram alvo e combustível de nossa fogosa e fervente imaginação erótica. Tão perigosas e despudoradas que as revistas
masculinas eram proibidas de mostra-las. Por tudo isso os prometidos pelos
pubianos de Elis eram definitivamente irresistíveis.
Foi difícil, mas conseguimos comprar os ingressos nos
lugares abençoados. Um bando reverente e excitado estava a postos, na abertura das
portas do teatro, para
testemunhar a aparição maravilhosa e curtir a inimaginável luxuria. E mais, ouvindo nossa musa maior cantando.
Eu lembro que vi. Ou quis ver, porque o ingresso era caro e
todo mundo garantiu que era visível. À contraluz, o miúdo corpo de Elis, de curvas mansas e convidativas, se
desenhava inteiro, nitidamente. E, entre as pernas, uma mancha escura – com
pinceladas de Ticiano – era o centro de atenção do palco, para onde convergiam os olhares. Tudo isso com a
trilha sonora - Dois pra lá, dois pra cá, Como nossos pais - que todos conhecem de cor. Foi um êxtase.
Também estive presente a pelo menos duas exibições do "Falso Brilhante" (minha memória insiste em me convencer que foram três) e nunca soube desses lugares tão 'voyeures' no Teatro Bandeirantes.
ResponderExcluir34 anos depois ainda não tivemos nenhuma cantora para substituir a Pimentinha à altura.
Abraço
Obrigado pela visita e comentário Luiz Carlos Godoy. Pois é, era uma espécie de lenda urbana, entretanto, de fato, por causa da luz, como Elis usava roupas leves era possível enxergar bastante.
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