terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Série ATROFIA - Caatinga Pós Apocalíptica




Dia 12 de janeiro assisti no MIS (Museu da Imagem e do Som) o episódio piloto da 'Série ATROFIA', seguido por um debate entre o público e os realizadores.

Proposta intrigante. Num futuro indefinido os efeitos colaterais (desconhecidos ou escondidos) de alguns medicamentos provocam uma regressão na capacidade cognitiva de 80% da população, como consequência a produção de bens e serviços do mundo é colapsada. A cena é pós-apocalíptica, num universo decadente, ressequido e desolado vagam os ‘atrofiados’, solitários ou em manadas. Interessados somente em comer, principalmente seus semelhantes. Os poucos ‘salvados’ tentam permanecer vivos e sãos. Também, se possível, garantir a esperança e os sonhos, desejos e valores da civilização.

Não é uma distopia nova, o cinema – desde que ganhamos o superpoder da destruição em massa – têm visitado com prazer, temor e terror esta possibilidade. A 'Série ATROFIA', entretanto, neste novo enfrentamento do tema, apresenta três novidades instigantes.

1. Os ‘atrofiados’ estão vivos, são seres humanos, não zumbis. Pode-se mata-los? Aí reside o cerne da conturbada questão da reivindicação de humanidade. Pergunta que perpassa, por exemplo, a saga Blade Runner.

2. A 'Série ATROFIA' projeta que a paisagem do mundo depois do fim será parecida com a Caatinga. Uma aposta sábia, avisada e promissora. Caatinga e um bioma estranho e único, só existe no Brasil. Não é absurdo argumentar que a Caatinga seja um tesouro visual nacional.

Talvez um dos segredos dos nossos dois grandes sucessos em Cannes, os filmes ‘Cangaceiro’ <1953> (mesmo filmado no interior paulista) e ‘Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro’ (Antônio das Mortes) <1969>, resida exatamente na exploração da Caatinga. Se aproveitaram deste visual retorcido e inusitado para impressionar e cooptar as plateias de Cannes.

3. Fotografia. A paleta de cores e as imagens do filme saturadas de cinza, brutalidade e crueza, sobrepostas à Caatinga, é quase sinergética (entra por todos os sentidos), seca, táctil e ininteligível. Mistura da aurora da Terra com o pós armagedom.

Gostei das ideias, será interessante acompanhar o desenvolvimento da história.

Os produtores informaram que já estão roteirizados os oito próximos episódios. Que sejam logo produzidos.

Abaixo a Equipe do Episódio Piloto.

Diretores                Geisla Fernandes e Wllyssys Wolfgang
Roteiristas              Geisla Fernandes, Rony Saqqara e Wllyssys Wolfgang
Dir. Produção         Fernanda Regis
Dir. Fotografia        Robério Brasileiro e Vinícius Bock
Dir. Artística            Marcio Motokane
Dir. Arte                  Ilana Coelho e Paulo Felipe
Patrocínio               Edital Audiovisual – Funcultura / Fundarpe
Audiovisuais           Cia Biruta de Teatro, Alternativa B Filmes, LA Cine e Video,
Apoiadores             Senai-Petrolina e Prefeitura Municipal de Petrolina
                                Museu da Imagem e do Som (MIS-SP)
                                Abajour Soluções


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