Nos últimos 30 anos a evolução das espécies no mundo
fonográfico e audiófilo foi turbulenta e implacável. Pulamos do império do Vinil
para a prevalência dos arquivos digitais. E mesmo estas opções modernosas já
estão na terceira ou quarta geração de códigos (WAV, MP3, DSD...). Durante este
salto tecnológico o CD foi engolido, nasceu, cresceu e definhou. Pior, quase
levou junto as gravadoras. Atualmente o resiliente vinil – um espécime mítico –
ainda sobrevive e recrudesce em alguns desvãos sofisticados.
O mais espantoso desta marcha acelerada é como os amantes
das mídias musicais (qualquer um que tenha mais de 500 unidades de uma espécie)
reagiram a estas metamorefoses.
No meu caso comecei com LPs, tive mais de mil deles. No
tempo próprio – como a maioria – migrei para os CDs, mais práticos. Quando troquei uma casa térrea por um apartamento, para me livrar dos imensos bolachões
pretos, contratei uma caçamba. Nunca tive o prazer de vê-la lotada, a
vizinhança salvou todos os Vinis antes de chegarem ao destino derradeiro.
Hoje ainda mantenho os meus CDs nas estantes, porém todos
eles e mais algumas centenas que já adquiri no formato digital (5000±) estão
digitalizados e armazenados num Mídia Server. É conveniente poder encontrar
qualquer música desejada em menos de dois minutos.
O Mestre Holbeins Menezes, decano da Audiofilia brasileira –
nos seus persistentes e avaros 94 anos – que vivenciou cada uma dessas mudanças, me garante
ter superado todas elas. Vive decantando a infinita variedade do Youtube, a
discoteca cósmica, que oferece tudo que precisa e muito mais do que procura.
Mas o motivo de toda esta longa introdução é para me aplastar
com a solução maluca do meu amigo Pedro Luis Vergueiro, persistente consumidor
de CDs. Depois de encher as prateleiras disponíveis, encontrou um lugar
inesperado para acomodá-los: a banheira de seu apartamento.
Preciso ouvir estes CDs imersos na banheira. Quem sabe a
sonoridade tenha evoluído e ficado mais macia e líquida.
PDF
Nenhum comentário:
Postar um comentário