Lembrava de um semi desastre atrapalhado e esquisito, provocado por desencontros, desacertos e desmedidas. Um gozo anunciado que nunca acontece. Nem a força da belíssima história concebida por Frank Herbert, revivida com um luminoso e competente elenco, com atores experimentes, estrelados, e de comprovado apelo e capacidade, conseguiram salvar o filme inteiro. Uma receita que não deu certo, camarões cozidos com casca de batatas e óleo de rícino, que nem a porção (spice) teve o poder de redimir.
Até Sean Young – a Rachael dos 'Blade Runner's de 1982 e 2017 – como Chani, a bela namorada de Paul Atreides, está perdida e esfarelada na produção. Uma atriz belíssima, quando entra em cena sempre é o ponto vermelho da mira laser, atrai todos os olhares. Antecipando a replicante perfeita, seu rosto mítico parece compreender e prever tudo. Transmite fragilidade, empatia, solidariedade e sabedoria absoluta, vai além do destino do herói e da trama. Mas é atriz de silêncios eloquentes, para sequências de poucas falas, ótima para sugestões e promessas.
Uma princesa de contos de fadas, cujo arco emocional inteiro se resume no beijo. Certamente faria imenso sucesso como modelo para pintores dos séculos XVIII e XIX. Contudo um poeta já explicou isso tudo, antes e melhor: “beleza é fundamental”.
Não é impossível – pelo que antecipa o trailer – que a versão antiga seja reavaliada.
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