quarta-feira, 10 de abril de 2019

DUNAS - Lynch e Villeneuve e Rachael


Faz muito tempo estamos ansiosos pelo Duna de Villeneuve, recentemente liberaram um trailer, que todo mundo assistiu. Me pareceu um bom momento para rever e revisitar o Duna antigo, de 1984, dirigido por David Lynch

Lembrava de um semi desastre atrapalhado e esquisito, provocado por desencontros, desacertos e desmedidas. Um gozo anunciado que nunca acontece. Nem a força da belíssima história concebida por Frank Herbert, revivida com um luminoso e competente elenco, com atores experimentes, estrelados, e de comprovado apelo e capacidade, conseguiram salvar o filme inteiro. Uma receita que não deu certo, camarões cozidos com casca de batatas e óleo de rícino, que nem a porção (spice) teve o poder de redimir.

Até Sean Young – a Rachael dos 'Blade Runner's de 1982 e 2017 – como Chani, a bela namorada de Paul Atreides, está perdida e esfarelada na produção. Uma atriz belíssima, quando entra em cena sempre é o ponto vermelho da mira laser, atrai todos os olhares. Antecipando a replicante perfeita, seu rosto mítico parece compreender e prever tudo. Transmite fragilidade, empatia, solidariedade e sabedoria absoluta, vai além do destino do herói e da trama. Mas é atriz de silêncios eloquentes, para sequências de poucas falas, ótima para sugestões e promessas.

Uma princesa de contos de fadas, cujo arco emocional inteiro se resume no beijo. Certamente faria imenso sucesso como modelo para pintores dos séculos XVIII e XIX. Contudo um poeta já explicou isso tudo, antes e melhor: “beleza é fundamental”.

Não é impossível – pelo que antecipa o trailer – que a versão antiga seja reavaliada.

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