terça-feira, 1 de abril de 2025

| 2019Set05 – Ilha de Santorini – Grécia |

 

Tem dias, lugares, momentos que marcam nossas memórias com um vinco definitivo, feito aquelas páginas que deixamos nos livros quando o sono, nas altas madrugadas, nos obriga a abandona-los.

Acho que o pôr do sol em Santorini é uma dessas vivência mágicas. Na época do ano certa é irresistível. Por isso fica hiper populada. 

As ruas, varandas, janelas, morros, qualquer desvão voltado para o poente fica superlotado.

Por isso uns seis meses antes da viagem, todos os dias, procurava nos aplicativos de locação um lugar perfeito para aprecia-lo.

 Acho que encontrei.


segunda-feira, 3 de março de 2025

| 2003Abril20 – Pico da Bandeira - Espirito Santo |


Houve um tempo em que acordava duas horas da madrugada, sinado, no Alto do Caparaó, Espirito Santo. Tomava um café preto, engolia um pedaço de bolo de fubá e saia, no escuro da noite, subindo montanha acima até chegar no Pico da Bandeira, 2892 metros.

Tinha pressa era preciso andar rápido para pegar os primeiros raios do sol nascendo no Espirito Santo, as vezes dava quase para ver o mar.

Depois – com as pernas incendiadas - visitava os demais Picos: do Cristal, do Calçado... Engolindo escassos lanches de trilha e tomando suco.

Tudo acabava num cansaço imenso, num almoço de trilha e num sono avasslador.

Dormia 16 horas no ônibus de viagem, sem acordar nos pontos de parada.
Agora – para confirmar as memórias e atiçar as lembranças - só sobraram as fotos.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

| 2023mai04 – Rimini - Italia |


















Havia muitos motivos para visitar Rimini, um dos pontos famosos e agitados do Mar Adriático. Contudo, apesar do acúmulo de passados – etruscos, úmbrios, gregos, gauleses e romanos - espalhados pela cidade, o motivo que me carregava era outro.

A compulsão nasceu, cresceu e maturou dentro de mil nas salas escuras dos cinemas paulistanos, quando tentava desvendar Federico Fellini, o mais 'próximo', porém estranho e indecifrável dos diretores italianos.

Na cidade, além de conhecer o Cine Fulgor, que o mestre frequentava, de brinde ganhei, uma belíssima praia, mais o Arco de Augusto e a Ponte de  Tiberio, até hoje impunimente cruzada por carros.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

| 2023set23 – Santiago de Campostela – Espanha |

Durante uma longa e deliciosa viagem de carro de Paris até Lisboa, durante as paradas da rota, em várias cidades, cruzei e conversei com centenas de peregrinos que pertinazmente percorriam os milenares caminhos – franceses, espanhóis e portugueses - que levavam a Santiago de Campostela.

Era interessante conversar sobre as motivações para a viagem e a extensão do caminho que se propunham a percorrer.

Mais uma coisa, independe das variadas histórias, tinham em comum: todos pareciam estar vivendo um momento especial e transcendental.  Àquela hora que passamos um traço e nos propomos a resolver a complexa equação da vida.

Eu também fiz minha peregrinação, durou duas horas a caminhada, desde o hotel que estava hospedado até a praça dos peregrinos

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

| 2024jul17 – Alcinópolis – Mato Grosso do Sul |

 

Fui até Alcinópolis, no ‘Templo dos Pilares’, Mato Grosso do Sul, quase na divisa norte do estado. Precisava comtemplar as pinturas rupestres que nossos antepassados nos deixaram a 12.000 anos.  Quando o homo sapiens explorava os cantos da América.

Os desenhos são estranhos, belos, cifrados e misteriosos. Primeiros rabiscos da comunicação humana. Deixam a sensação de que, a qualquer momento, o véu vai subir e vamos entender todas aquelas mensagens rabiscadas nas pedras.

De repente, dentro daquele novelo atemporal que me envolvia, duas ideias me assaltaram.

A primeira conduzia às Cavernas de Platão, aos primeiros homens encerrados num desvão escuro, que só conheciam o mundo pelas sombras, imagens projetadas nas paredes de pedra.

A segunda, mais arrevesada, era uma interrogação. Tentava avaliar o tamanho do salto entre uma saraivada de flechas e a fórmula de Einstein, ‘e=mc2’, que, pretenciosa, tenta relacionar o Tempo – que inexorável nos arrasta – e toda a matéria do universo.

Será que os homens das cavernas  já engendravam esta soberba?

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

3 VEZES TCA ꟷ TEATRO DE CULTURA ARTISTICA

 

>>>>>   O8 de Maio 2008

No início de 2008 a Sociedade de Cultura Artística recebeu um novo piano, um instrumento magnifico, soberbo, um Steinway Grand Concert Modelo D, fabricado em Hamburgo.

Para inaugura-lo aconteceram duas apresentações. A primeira, meio íntima, com o jovem pianista Pablo Rossi, no dia 29 de Abril de 2008. A segunda, ‘oficial’, com Nelson Freire, em 08 de Maio de 2008. Mozart, Beethoven, Chopin, Debussi.

Assisti ambas, o piano ‘calouro’ passou magistralmente em todos os testes. Foram duas experiências transcendentais, ouvir a sutileza e amplitude daquela obra de arte da técnica moveleira e engenharia acústica.

 

>>>>>   17 de Agosto 2008

Cento e dois dias depois, num sábado, fui acordado de madrugada pelo ensurdecedor barulho das sirenes dos bombeiros. Corri até a janela da varanda e pude ver o prédio do Teatro da Sociedade de Cultura Artística ardendo, sendo devorado pelas chamas, foi tudo destruído, também e sobretudo o piano estreante. Que certamente ainda retinha a lembrança dos dedos de Nelson Freire no marfim do teclado.

 

>>>>>   7 de Setembro 2024

Foram 16 anos de espera, mas, enfim, voltei a ouvir um pianista imperando no TCA, como um modelo similar de piano [Steinway Grand Concert Modelo D]. Lang Lang visitando Fauré, Schumann e Chopin, mum salão novo e repaginado.

Contudo, durante toda a apresentação cruzava pela minha memória lembranças da sala antiga. Um problema da álgebra dos sons quase insolúvel, vai ser difícil equilibrar os pratos da balança mnemônica que pesam o antes e o agora.