Tudo depois deste parágrafo é suspeito e exagerado, porque
sou adicto de Quartetos de Cordas.
Assisti ao filme O Último Concerto (A Late Quartet), que mostra
as turbulências – artísticas e pessoais – de um conjunto de Música de Câmara, o
‘Quarteto de Cordas Fugue’, quando um de seus membros, o cellista, contrai Parkinson.
‘Quarteto de Cordas’ é um nome propenso a confusão, tanto pode se referir à forma musical, quanto ao conjunto que a executa. Em todo caso, o titulo
original do filme é bonito e sutil, lembra os ‘Late Quartets’ de Beethoven, os
quatro quartetos tardios, os últimos compostos pelo alemão, considerados o apogeu
dessa modalidade musical.
Por exemplo, o romance Contraponto, de Aldous Huxley, um
marco da Literatura Moderna, acaba com o personagem pirncipal se suicidando ao som da Canção
Lidia, parte dos 'Late Quartets'.
Quartetos de Cordas é a segmento mais refinado da Música
de Câmara. É raríssimo um grande compositor que não tenha se arriscado ao menos uma
vez nesta forma exigente. Debussy, Ravel, Richard Strauss, Wagner, entre
outros, deixaram Quartetos solitários, ás vezes incompletos.
O primeiro violino do 'Quarteto Fugue', o interprete perfeito, diz: "Quando os maiores compositores querem expressar os mais sinceros pensamentos, sentimentos, ir ao fundo de suas almas, e sempre dessa forma. Sempre, sempre o Quarteto. Se forem corajosos o bastante...". Antes de ser beijado pela 'Lolita' Alex. filha do segundo violino e da viola. Pois é, as tribulações dos gênios não são geniais, são ridículas e prosaicas como a de todo mundo.
O primeiro violino do 'Quarteto Fugue', o interprete perfeito, diz: "Quando os maiores compositores querem expressar os mais sinceros pensamentos, sentimentos, ir ao fundo de suas almas, e sempre dessa forma. Sempre, sempre o Quarteto. Se forem corajosos o bastante...". Antes de ser beijado pela 'Lolita' Alex. filha do segundo violino e da viola. Pois é, as tribulações dos gênios não são geniais, são ridículas e prosaicas como a de todo mundo.
Um grupo de Quarteto de Cordas é formado por dois violinos,
uma viola e um violoncelo. Idealmente todos virtuoses, porque cada instrumento é crucial na
composição. Os quatro atores do filme também são virtuoses – Catherine Keener,
Christopher Walken, Philip Seymour Hoffman e Mark Ivanir. Todos sabiam que participavam de uma produção premeditadamente ‘cult’, portanto modularam suas interpretações
com cuidado, maestria e discrição. Privilegiando o coletivo, não o brilho
pessoal, exatamente como recomendado nos Quartetos de Cordas. Os quatro estão obsessivamente afinados.
A consolidação da forma Quarteto de Cordas é atribuída a Haydn,
porém vinha sendo experimentada e aprimorada muito antes dele. No livro The
String Quartet – A History, Paul Griffiths diz que a modalidade floresceu
paralelamente aos pianos, quando a Música saiu das igrejas e castelos e invadiu
as casas burguesas.
As Sinfonias e Concertos eram executadas por orquestras,
assim os Quartetos de Cordas logo ganharam multidões de adeptos, podiam ser tocados
em recitais domésticos. Os primeiros quartetos de Schubert foram compostos para diversão domingueira
da família do autor. Compositores normalmente
usam a forma para experimentos e rascunhos de futuras Sinfonias (Shostakovich,
Villa-Lobos).
Um conjunto de Quarteto de Cordas é um casamento quádruplo, um
quatrilho. A convivência é complicada, um milagre quando dá certo. O filme
narra a busca deste equilíbrio precário e sempre provisório pelos componentes,
arrostados por interesses monetários, relações emocionais e excesso de
convivência íntima.
No filme tudo acontece na cena de Música de Câmera de Nova
York. Mas é só um exemplo, os mesmos dramas, junções e separações acontecem todo
o tempo em Bandas de Rock, famosas e de garagem.
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