Um grupo de amigos da Granja Viana, adictos de home theater, anualmente promovem 'A Noite de Rene Russo', um excêntrico e monotemático festival de cinema. Começou em 6 de agosto de 2009, aniversário de 10 anos do lançamento mundial do filme 'Thomas Crown Affair' (Thomas Crown - A Arte do Crime), considerado o auge da musa. Desde então não não parou mais.
Assim, faz 10 anos, na quinta feira mais próxima de 6 de agosto, Pio Nero, um engenheiro e hacker italiano, possuidor de uma cinemateca com som audiófilo e treze confortáveis poltronas, convida 12 pessoas para assistir seu filme preferido. Um número cabalístico de convidados, lembra '12 Homens e uma Sentença', '12 Homens e um Segredo', quem sabe '12 Macacos' ou até os 12 (ou 13) apóstolos.
Nos anais desse excêntrico festival consta que os interessados são muitos e os sortudos são poucos, criteriosamente selecionados pelo núcleo duro do grupo. Sou amigo parônimo de Pio Nero, nossos universos tangenciam apenas em dois pontos: Informática e Cinema. Mesmo assim estou na lista de candidatos, e – não sei porque – já fui convocado duas vezes, não em anos consecutivos.
O programa da noite é simples e extenso, lembra aquelas sessões duplas dos velhos cinemas de bairros. Inicia com a exibição completa de 'Thomas Crown Affair', depois vem um longo intervalo para comentários, discussões e babação de ovo pela Rene. Enquanto isso, na tela - para adoração e catarse - rola um slide-show da homenageada com a canção 'Windmills of Your Mind' (gol de placa de Michel Legrand) em repeat mode.
A festa termina - para os que tiverem resistência - depois da exibição de outra performance da grande dama do evento e arrebatadora paixão de Pio. Não tenho certeza absoluta, mas acho que é proibido pronunciar o nome de Pierce Brosnan nas conversas.
Temo que não serei novamente escalado para 'A Noite de Rene Russo', porque na última participação declarei que preferia a versão original de 1968 – 'Crown, o Magnífico' – com Steve McQuinn e Faye Dunaway (a psicóloga da refilmagem). Desarrazoado e temerário afirmei que achava a vagarosa, excruciante, excepcional e sensual sequência do jogo de xadrez na versão clássica insuperável.
Por tudo isso, tenho certeza, fui carimbado como ‘sinnerman’ (na voz de Nina Simone) pelo promotor do festival.
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