Os deuses do futebol desembarcaram no
Brasil em 1894/95, agarrados às primeiras bolas. Quando as pessoas começaram a
chuta-las com prazer e adora-las com paixão, decidiram ficar por aqui. Deram-se
bem, viramos o Pais do Futebol.
Os fiéis de S. Paulo adotaram
entusiasmados as novas divindades, lhes prestavam culto em todos os cantos e
campos. Onde se juntassem 22 pessoas e uma bola elas se faziam presente. Porém,
em 3 de maio de 1902, quando o Mackenzie College venceu o Germânia por 2 a 1,
começou a ser celebrado oficialmente o mais antigo rito da religião no Brasil –
o Campeonato Paulista de Futebol. Foi neste dia que os deuses da bola
sacramentaram seu Solo Sagrado, o Parque Antártica.
É neste local que, há mais tempo e
continuamente, se disputam partidas de futebol de alta qualidade no estado e
talvez no país. Entre aquelas quatro linhas caiadas no chão já foram travadas
contendas memoráveis, decididos Campeonatos Paulistas, Brasileiros e Sul-americanos.
Desde 1902 o terreno sagrado do Futebol
Paulista passou por muitas mãos: SC Germânia,
América FC, times que o vento do tempo levou. Entretanto, em 1920, os deuses escolheram
seus guardiões definitivos: a Società
Sportiva Palestra Italia.
Em 1942 os guardiões do templo foram
obrigados a mudar de nome, viraram Sociedade Esportiva Palmeiras, que honrando
suas tradições já construíram no Solo Sagrado duas Catedrais para o futebol: o
Stadium Palestra Itália, em 1933; e a Arenas Palmeiras, em 2014. Ambas
consideradas (na ocasião) as melhores do país.
Mas deixamos de consagrar como ídolos os poetas e os romancistas. Os templos dos saberes e as bibliotecas perderam um espaço valioso:o coração de um povo que, desviado da literatura viu como opção o espaço das disputas esportivas, jamais as intelectivas.
ResponderExcluirPerdoe-me caro Douglas Bok as minhas mal traçadas linhas. Sei que a arquitetura também é um nicho importante. É o testemunho cultural de um povo (saravá Oscar Niemeyer), mas a finalidade e o conteúdo não deve desviar a atenção do povo.
Obrigado pelo comentário, Carlos Gonçalves.
ResponderExcluirNem o viés arquitetônico me salva. Não pensei nisso quando escrevia. O texto é pura bravata de torcedor, que, por definição, habita além da Razão.