sexta-feira, 28 de julho de 2017

Solo Sagrado do Futebol


Os deuses do futebol desembarcaram no Brasil em 1894/95, agarrados às primeiras bolas. Quando as pessoas começaram a chuta-las com prazer e adora-las com paixão, decidiram ficar por aqui. Deram-se bem, viramos o ‘Pais do Futebol’.

Os fiéis de S.Paulo consagraram entusiasmados as novas divindades, prestavam cultos a elas em todos os cantos e campos.

Onde se juntassem 22 pessoas e uma bola elas se faziam presente. Porém, em 3 de maio de 1902, quando o Mackenzie College venceu o Germânia por 2 a 1, começou a ser celebrado oficialmente o mais antigo rito da religião no Brasil – o Campeonato Paulista de Futebol. Foi neste dia que os deuses da bola sacramentaram seu Solo Sagrado, o Parque Antártica.

É neste local que, há mais tempo e continuamente, se disputam partidas de futebol de alta qualidade no estado e talvez no país. Entre aquelas quatro linhas caiadas no chão já foram travadas contendas memoráveis, decididos Campeonatos Paulistas, Brasileiros e Sul-americanos.

Desde 1902 o terreno sagrado do Futebol Paulista passou por muitas mãos: SC Germânia, América FC, times que o vento do tempo levou. Entretanto, em 1920, os deuses escolheram seus guardiões definitivos: a Società Sportiva Palestra Italia.


Em 1942 os guardiões do templo foram obrigados a mudar de nome, viraram Sociedade Esportiva Palmeiras, que honrando suas tradições já construíram no Solo Sagrado duas Catedrais para o futebol: o Stadium Palestra Itália, em 1933; e a Arenas Palmeiras, em 2014. Ambas consideradas (na ocasião) as melhores do país.

2 comentários:

  1. Mas deixamos de consagrar como ídolos os poetas e os romancistas. Os templos dos saberes e as bibliotecas perderam um espaço valioso:o coração de um povo que, desviado da literatura viu como opção o espaço das disputas esportivas, jamais as intelectivas.
    Perdoe-me caro Douglas Bok as minhas mal traçadas linhas. Sei que a arquitetura também é um nicho importante. É o testemunho cultural de um povo (saravá Oscar Niemeyer), mas a finalidade e o conteúdo não deve desviar a atenção do povo.

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  2. Obrigado pelo comentário, Carlos Gonçalves.
    Nem o viés arquitetônico me salva. Não pensei nisso quando escrevia. O texto é pura bravata de torcedor, que, por definição, habita além da Razão.

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