Pela primeira vez tive a oportunidade de enxergar o céu por um telescópio de grande porte, aconteceu na Seara da Ciência, da UFC - Universidade Federal do Ceara, numa visita guiada e monitorada pelo Prof. Ednardo Rodrigues. O introito sobre os sentidos foi uma homenagem aos fabulosos telescópios, talvez o construto humano que mais contribuiu para dissipar os mitos e expandir o conhecimento. Um salto incomensurável da Magia para a Ciência. Lembram-se do alerta de Arthur C. Clark?
Contemplar os astros, especialmente os planetas e satélites, é uma experiência limite e transcendental. Observar Júpiter – uma bola imensa, 318 vezes maior que a Terra – com sobranceira leveza flutuando no espaço é um abalo epistêmico. Todo mundo sabe tudo sobre o gigante solar, já viu fotos, conhece os dados, entretanto captar os raios de luz que – segundos antes – ‘tocou’ o próprio planeta gasoso é uma experiência cognitiva reveladora, percebemos a voragem em que estamos metidos, dói saber-se o flexível caniço de Pascal oscilando entre incomensuráveis magnitudes, máximas e mínimas.
Vendo as estrelas, e conversando com elas, ficamos com a incômoda sensação de que todo conhecimento acumulado até os dias de hoje está ainda muito mais perto da Magia do que da Ciência. No visor do telescópio, mesmo os mais potentes, continuamos a ver um ponto luminoso – ou pontos, se forem sistemas múltiplos como Acrux, a Estrela de Magalhães, na ponta do braço longo do Cruzeiro do Sul.
E tão pouco o que o telescópio nos oferece sobre as estrelas que persiste a dúvida. Será que a Astronomia não entendeu direito – ou interpretou errado – a mensagem dos Deuses?
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