Depois de uma carreira secreta da autora em HQ (e um improvável namoro com Stan
Lee) rápido virou ícone do cinema. Em 1951 Alfred Hitchcock filmou seu plot
‘Pacto Sinistro' e ela ganhou fama. O primeiro Ripley foi publicado em 1955, em
1960 já migrou para a sala escura. Por seis vezes o criminoso irresistível e
simpático foi transportado paras as telas.
1960 - O Sol por Testemunha / René Clément / Alain Delon
(Plein soleil / Purple Noon)
1977 - O Amigo Americano / Wim Wenders / Dennis Hopper
Der amerikanische Freund
1999 - O Talentoso Ripley / Anthony Minghella / Matt Damon
(The Talented Mr. Ripley)
2002 - O Retorno do Talentoso Ripley / Liliana Calvani / John Malkovich
(Ripley's Game)
2005 - Ripley no Limite / Roger Spottiswoode / Barry Pepper
(Ripley Under Ground)
2024 - Ripley / Steven Zaillian / Andrew Scott
(Ripley)
Não estou com a maioria, mas, desse sexteto agridoce, ainda prefiro o filme de
1999. O velho Malko tem uma caixa de mágicas, combina magnificamente a
crueldade amoral e impessoal do herói com sua construída elegância dúbia e sua imensa
inadequação social. A mão de Liliana Cavani foi firme e delicada. Além de
muitas óperas a mestra tem na lista ‘O Porteiro da Noite’, uma biografia de São
Francisco e uma minissérie sobre a vida quântica de Einstein.
A minissérie com Andrew Scott vem em segundo, carregada de muitos
méritos.
O O ultimo na minha avaliação é Wim Wenders, apesar do Ripley de chapéu cowboy
homenageando James Dean?
Rigorosamente as tramas de Pat Highsmith não são novelas policiais, porque antecipadamente sabemos que o assassino é Ripley. Também, em geral, os crimes acontecem por acaso, oportunidade, necessidade e de forma não planejada.
A curtição e fissura é intensificada e transportada para as peripécias de Tom tentando arranjar as coisas para escapar da cadeia e se dar bem. Sim porque ele sempre consegue sair por cima, e, despudoradamente, torcemos para isso.
Tom Ripley é fora dos padrões, não tem (e nem sente falta) da dimensão moral, sua consciência e adaptável (num dos filmes diz que seus remorsos duram três dias). Contudo não é perverso, mantem e respeita uma rigorosa ética pessoal, mesmo que de forma retorcida: 'a vítima - sempre - precisa ter merecido o castigo'.
Praticar um crime para equilibrar as partes é somente um incidente, um
aborrecimento operacional, desses que resolvem definitivamente as coisas e
equilibram o universo.
Suas transgressões são como as mentiras sociais que
utilizamos no dia a dia. Inevitáveis para contornar longas explicações e fugir
da intransigência e grosseria latentes das relações humanas. Ao longo dos
filmes acabamos aceitando essa lógica enviesada e concordando com ele.
A vida é mais porosa do que parece, porque depois de ler o tijolo de 800 páginas - ‘A Talentosa Highsmith’ de Joan Schenkar – continuo em dúvida quem é mais complexo: a mutante criatura ou a oscilante criadora.
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