2004/set/23 – Salar de Uyuni
Dos lugares fora da realidade e além da razão que já
visitei, nenhum é mais estranho, insólito, isolado, absconso e interminável do
que o Salar de Uyuni.
Parece que está escondido dentro do punho fechado do Tempo,
como um segredo estranho e impertinente.
Foram sete horas de travessia. Num Jeep azul e branco, sem velas nem bússola. O mundo era binário, só céu e sal. Mesmas cores do Jeep. Silêncio e salsugem suspensa no ar. Calmante, entorpecente, repetido e pouco revigorante.
No meio dele resiste uma porção do prosaico, a Ilha do
Pescado – terra escura, arenosa e cactos imensos. Curioso o contraste, serve
para nos lembrar como o mínimo e exíguo pode ser belo.
Para guardar esta lembrança nas fibras e células do meu
corpo, durante toda a viagem, temperei minha comida com sal colhido do chão,
que ainda persiste nos sabores da memória.
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