Li com muito prazer e espanto a coletânea DESTINO: ECLIPSE, recentemente publicada pela Editora DM. O livro inteiro, todos os 14 contos, inclusive o meu “Cativos da caverna de Platão”, o penúltimo da série. Obedeci a ordem da edição, queria avaliar meu conto calibrado pelas estranhezas e surpresas da coleção. Deu certo, foi curioso relê-lo, agora, embalado pelas várias abordagens inesperadas da proposta/tema.
Antes de avançar é bom relembrar as premissas do livro.
Eclipse é um planeta distante e especial, o primeiro ‘gêmeo’ da Terra
encontrado - segundo as avaliações das Ciências - capaz de comportar vida similar
à da Terra. Uma nave colonizadora é lançada, porém explode no início dos
trabalhos de ocupação do planeta. O desafio era interessante, e os textos
selecionados responderam com a imaginação solta.
Os contos não se aproximam, quase não convergem, são
vastamente diferentes, novidades antes de tudo, tanto na abordagem física de
Eclipse - flora, fauna, geografia e biomas – quando nos objetivos, sentidos e
expectativas da missão e consequências do desastre.
Curiosamente dois vieses algumas vezes se repetem. Primeiro,
vários contos acontecem em cenários de pântanos, mangues ou alagados; segundo, a maioria das histórias são pessimistas sobre o sucesso da colonização de Eclipse. Porque ninguém ousou um viés otimista?
Não gostaria de ser o ‘governador’ desta missão porque, pelo
que os contos sugerem (talvez como na vida real, e especialmente num cenário
pós catástrofe) não existe nenhuma convergência, considerando objetivos e
metas. Em termos de literatura foi ótimo, os enredos resultaram surpreendentes
e imprevisíveis.
Sobre meu conto, “Cativos da caverna de Platão”, sempre que lia o Mito da Caverna (e li muita vez na Filosofia da USP) divagava pensando na possível história de vida daqueles coitados aprisionados naquela situação. Brinquei com esta ideia na minha abordagem.
Quero mencionar quatro contos que surpreenderam de duas
formas. Pela proposta e andamento narrativo: “Apocalipse em nós” / Heitor Zen e
“Corpos Dormentes’ / Anne Domeneck. Também pela chave criativa que encontraram:
“Piche” / A. Conti e “Comidas exóticas Fora da Terra” / Renato Alexandre.
Contudo, acho que é melhor ler o livro inteiro e fazer novas
descobertas.
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