Suas ruas antigas guardam com zelo e carinho as sementes de todas as 'paulistanices'. Adoniram e a miscigenação permanente dos migrantes e nativos. Os antiquários; a casa que acolheu as loucuras e insanidades de Dona Yayá. Além dos teatros antigos e resilientes.
O bairro que – dois séculos atrás (1819) - acolheu e abrigou Saint-Hilaire, o mais simpático e otimista dos cronistas estrangeiros que visitaram S. Paulo, deve ficar dentro de uma sutil dobra do Tempo. Dentro deste território mítico aconteceu a invenção do 'paulistano' típico. Um bolsão irreal costurado com agulhas mágicas e linhas esquisitas. Com limites indefinidos e geografia incerta.
É possível, por exemplo, fazer uma viagem no tempo na Avenida Brigadeiro Luis Antonio, número 1308 e encontrar dois sobradinhos vizinhos recém reformados.
Como tem fronteiras móveis o Bixiga ocupa um lugar privilegiado na geografia paulistana. No sentido norte-sul fica entre a Avenida Paulista e o Centro Velho. No sentido leste-oeste divide a Liberdade e Aclimação de Higienópolis e Cerqueira Cesar. Considerando o mapa e as facilidades de acesso, não existe melhor ponto para se morar, é perto de tudo, mas diferente de todos os outros lugares.
Impressivas dobras do tempo e geografia incerta! Maravilhosa síntese, ampliada na tessitura de magia e beleza e afetos entrelaçados aos portais do tempo que saltam aqui e ali. Belo, Douglas Bock. Sua escrita é pura fruição!
ResponderExcluirImpressivas dobras do tempo e geografia incerta! Maravilhosa síntese, ampliada na tessitura de magia e beleza e afetos entrelaçados aos portais do tempo que saltam aqui e ali. Belo, Douglas Bock. Sua escrita é pura fruição!
ResponderExcluirVilma Silva, passear pelo Bixiga, para os paulistanos, é como virar as páginas de um álbum de fotografia começada pela avó, continuado pela mãe e, agora, em nossas mãos. As ruas são fotos superpostas.
ExcluirEste seu blog é ótimo por vários motivos, dentre os quais a maneira suave como você retrata as lembranças e a sobrevivência de pequenos pedaços da história paulistana, e o texto atraente sem saudosismo, como merece ser tratada uma senhora dama como é a nossa cidade.
ResponderExcluirNuma dessas raras coincidências paulistanas, essa casa ao lado da 1308 pertenceu a um sobrinho (por parte do primeiro marido) de uma velha tia. De família de boas posses, ele nunca deixou de morar nessa casa, mesmo podendo ir para bairros mais abastados, e pelas mesmas razões que você expôs.
Lindas lembranças. Obrigado pela oportunidade de revivê-las!
Eu vivi muitos momentos mágicos e importantes da minha vida, no Bixiga.Andei por muitos anos, por suas ruas, onde vivi momentos e situações mágicas.Fiquei encantada ao ver a foto dos sobradinhos da Rua Maria José!
ResponderExcluirIda Zami, o Bixiga é um lugar mágico dentro de S. Paulo, tenho quase certeza que foi nele que nasceu o tipo 'paulistano'
ResponderExcluirEu nasci na Maternidade São Paulo,onde vi a luz da vida, pela primeira vez. Morei, na minha infância, adolescência e começo da mocidade, na Rua Cezário Mota Jr, com Consolação.Foi naquela ladeira que conheci os paulistanos, oriundos de todos os lugares:descendentes de portugueses, italianos, japoneses, árabes, africanos,alemães, etc.Enfim, brinquei com amiguinhos que eram oriundos de todas as etnias.E,no Bixiga,todos juntos e misturados,o jeito paulistano, levado às ultimas consequências.Infelizmente, hoje, muito empobrecido e maltratado.Mas, agora, felizmente, como você mostrou, renascendo das cinzas.
ExcluirWilson Colocero, entre os mistérios do Bixiga esta o de ser um bairro eterno que de voz em quando volta à moda.
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