sexta-feira, 27 de novembro de 2015

7 PARCERIAS PARÔNIMAS

Variações sobre sete sonetos
irrequietos e inusitados,
de sete poetas lusófonos  


José André Lôpes Gonçâlez é um poeta enorme da Galícia, tradutor e musicólogo, além de outras incontáveis competências. E sabe que a vida é uma aventura curta, cujo desfecho todo mundo conhece.
Já podes dormir coração cansado (José André Lôpes Gonçâlez) 

Vinicius de Morais tinha razão, o tempo do amor é diferente, sempre nfinito, embora tenha começo, meio e fim. No passado é lembrança, no futuro é desejo. Antes de chegar é inimaginável. Enquanto dura é inexplicável e depois que passa é inesquecível. Talvez seja a única forma de duas almas se tocarem.
Soneto da Fidelidade (Vinicius de Morais)

Paulo Bonfim é um dos grandes poetas paulistas – ainda vivo – que reflete e traduz os desejos e dívidas, desafios e incertezas que pontuam a transformação de S. Paulo, de uma pequena cidade (60 mil habitantes) na maior megalópole do hemisfério sul. Seus poemas falam, sobretudo, de saudades.
Os dias mortos, sim, onde enterrá-los? (Paulo Bonfim)

Seria ainda Poesia o que Augusto dos Anjos fazia? Ou mero exercício ácido de ironia quando preferia usar palavras raras para expor os limites e carências que Língua escondia? Mostrar as feridas e falências da Língua com termos que a Língua mesmo repudia?
Rugia nos  meus centros cerebrais (Augusto  dos Anjos)

Conforme poetou Camões, Jacó esperou sete anos para ter a bela Raquel, que lhe deu dois filhos e depois morreu. Porém com Lia, de olhos de ressaca, paciente, carinhosa e disponível, gerou sete filhos.
Sete anos de pastor Jacó servia (Luís de Camões)

‘Ora (direis) ouvir estrelas!’, certamente é um dos mais conhecidos sonetos brasileiros. O assunto é inesperado e provocador. Incentiva a ir atrás do devaneio e do sonho. Do inalcançável que está sempre mais próximo de quem tiver 'ouvido capaz de ouvir'. 
Ora (direis) ouvir estrelas! (Olavo Bilac)


Jorge de Lima – que quase ganhou o Nobel – era visitado por uma vaca com uma estrela na fronte, transfiguração de sua ama-de-leite.
Mas deve haver ainda outra vaca na Via Láctea, de úberes fartos, de onde tudo, a poeira estelar, as nebulosas e a massa escura, é ordenhado.
A garupa da vaca era palustre e bela (Jorge de Lima)

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VARIAÇÕES:

Minha homenagem a Thanos (Vingadores: Guerra Infinita)

Há muito a digerir e regurgitar

Saudades de Rachael

6 comentários:

  1. Muito obrigado pela visita e pelo comentário.

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  2. Transcrito do Facebook - Grupo 'Poetas de Indaiatuba' ,
    Verônica Noblat (Administrador) do grupo Esse é o soneto que mais gosto do grande mestre,Olavo Bilac. Você fez analogia da luz e do som com duas grandes personalidade Olavo Bilac e Elis Regina (estrelas maiores) E verdadeiramente saber ouvir estrelas é ser feliz. Sensacional! Amei!

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  3. Obrigado pelo comentário Verônica Noblat.

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  4. Transcrito do Facebook
    GILBERTO DE ANDRADE GAIA - O problema é ter que ler poesia com um dicionário aberto... E a linguagem da época é isso mesmo: hoje é só uma recordação. Há que se escrever em 2018 com a linguagem de 2018 para o público de 2018, ressalvadas as gírias e expressões atuais.

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  5. Questão intrigante esta, GILBERTO DE ANDRADE GAIA, meditei muito sobre ela. Penso que a Poesia – junto com o ritmo – comporta três dimensões: som, sentido e significado. E, por esta tríplice via, tem que explorar, desafiar e manter viva a Língua em que é escrita. Utilizar vocabulário raro é uma opção, um viés possível. Como na Música há lugar para as duas formas, popular e erudita.

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