Muita vez Paul Cézanne – teimoso, porém ainda não famoso - saia para caminhar de manhã. Voltava sempre com uma nova pintura do Mont Sainte-Victoire. Juntou umas 60 telas. Numa das manhãs resolvi acompanha-lo.
Era difícil ele marchava apressado. Durante o percurso em aclive, sem fôlego, perguntei:
“– Porque pinta tanto o Sainte-Victoire?”
“– Não pinto a monte, pinto o Tempo. Me fascina, desafia e amedronta como ele transforma tudo, nós e a montanha.”
Fiquei esgargalado, a dúvida havia se expandido epistemologicamente.
“– Gosto de olhar as telas pintadas para lembrar como eu era ontem. Para combater o Tempo todo dia invento um jeito novo de pintar.”
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