Enquanto Johannes Vermeer de Delft me retratava, nos dilatados intervalos de preparação das tintas, conversávamos. Centenas de perguntas agitavam minha mente, mas ele respondia morosamente, econômico, no mesmo ritmo que pintava.
Na primeira oportunidade fiz a pergunta que me assediava:
“– Mestre porque produziu tão pouco, menos de 40 telas?”
Me olhou atarantando... Dois encontros depois respondeu com uma frase inesperadamente longa.
“– Leva tempo transpor universos. O tema é sempre de ordem difusa, dar-lhe forma, cor, peso e concretude suficientes para habitar a realidade demanda muito trabalho.”
Feliz por termos, enfim, completado um ciclo de conversa, afoito emendei:
“– Não se realiza quando vê seus quadros prontos?”
Oito sessões depois veio a resposta.
” – Meditei sobre sua questão. Acho que prefiro mantê-los nas minhas galerias interiores, melhoram continuamente.”
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