O Castelo de Otranto existe, de verdade. Não é apenas uma invenção do Lord Horace Walpole.
Suas sólidas pedras se empilham imponentes e prepotentes no salto da bota italiana. Desafiadoras e vigilantes, prometendo deter os barcos inimigos do Mediterrâneo. Um baluarte poderoso e estratégico, desde tempos alucinados das cruzadas.
Esperta e inesperada escolha de cenário para o primeiro romance gótico, sobretudo porque imaginada por um Lord inglês.
Dentro da imensa fortaleza cabem as mais incríveis e mirabolantes aventuras, lendas e fabulações. Todo autor adora suas criaturas, nunca ficam muito longe delas. O conde deve vagar eternamente pelos corredores, jardins, paredões e ameias da fortaleza.
Foi fácil encontrar o Lord, vestido de rendas azuis, calmamente olhando o por do sol numa das ameias.
– Sir Horace porque trouxe para este castelo, nas fronteiras do mundo, o intrincado novelo de seus enredos?
Me olhou surpreso, ajustou a faixa de seda dourada que cruzava sua cintura, depois respondeu.
– Porque a vida vivida é plana e vulgar. Nela, o que mais vale, são os sonhos impossíveis. Que são melhores em lugares ensolarados, onde delirar, divagar, enganar possibilita ir além da imaginação.
Depois sumiu, dissolvido nos reflexos do mar ao entardecer.
Laudelina NL (Especialista do grupo)
ResponderExcluirDouglas Bock , teu texto além de conter uma reflexão pra lá de pertinente ("...na vida vivida o que mais vale são os sonhos impossíveis") mostra também que você se sai muito bem nesse gênero narrativo: é criativo, põe suspense, leveza, até um certo humor.
Aplausos.
Resposta:
Laudelina NL Obrigado, gostei muito do seu comentário. Vou transcrever para o Blog Paulistando para na se perder na voragem do Facebook.