segunda-feira, 27 de julho de 2020

Bayreuth – 26/set/2017 – Túmulo Wagner

Bayreuth – 26/set/2017

 Fui conversar com Wagner em Wahnfried, Bayreuth, onde o mestre – pertinaz esbanjador de fortunas – dilapida a eternidade deitado com sua esposa Cosima, filha de Franz List. Fiz uma pergunta-comentário porque a dinâmica do Maestro atravessa andamentos.
“– Gostei do nome de sua ‘villa’, Wahnfried, mas não entendi direito a convergência de significações curiosas Ilusão/loucura e paz/liberdade, como devemos entende-lo?”.
Respondeu calmo, é um conversador tranquilo, brinca com os tempos entre as sílabas.
“– Não existe um significado único, são charadas e desafios plurais. Brincando com as quatro notas que você escolheu podemos pensar em ‘ilusão de paz’, ‘loucura da liberdade’. Ou questionando os pares que montou: ‘paz é ilusão?’, 'liberdade é loucura?".
Fiquei em silêncio, o vento derrubou algumas pétalas, Wagner entendeu como uma pergunta.
“– Concordo, os ventos são dementes, levam O Holandês Voador para onde   querem, quase sempre para escuros rochedos. Contudo, as piores de todas, são as brisas da História que mudam de direção de repente.”
Caíram mais pétalas, porém Wagner já havia rompido a linha.

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