quarta-feira, 22 de julho de 2020

Paris – 23/set/2016 – Catacumbas de Paris

Paris – 23/set/2016




Exceto pelas letras gravadas nas pedras, os ossos são sempre os últimos a se calar.
Nas Catacumbas de Paris vários milhões deles, empilhados nas paredes infinitas, repetem, repetem seus eloquentes discursos mudos que ecoam em murmurios escuros pelos corredores, como um sussurro das trevas.
As imensas galerias subterrâneas perpetuam suas confissões rechinadas e rascantes, iguais e diferentes. É difícil entender suas histórias superpostas, são confusas, tristes e parecidas.
A moça de olhos ausentes e órbitas vazias – à direita, corroeu seu rosto chorando em vão. Se matou, morreu virgem sem saber que foi loucamente amada pelo rapaz – à esquerda, que definhou em desespero e faleceu de amor. Jamais pode confessar sua paixão pela amuada moça desorbitada.
Hoje envelhecem juntos, mas sem olhos, um não ver o outro.

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