Deve ser visitada, guarda uma coleção de obras do Frei Jesuíno de Monte Carmelo. ‘Os êxtases de Santa Teresa d'Avila’, salvas da demolição do Recolhimento de Santa Tereza em 1920, e o belo e famoso afresco no teto. Fica na beira do Caminho Peabiru, a velha veia paulistana.
Outro tesouro apontando por Mario de Andrade é a Capela de São Miguel Arcanjo, de 1622 – o mais velho templo preservado do Estado de S.Paulo. Foi erguida numa saga épica indígena que convoca um Shakesperobi para conta-la.
Fora estes poucos casos, quase tudo que vemos pela cidade é novo, recente, em geral centenário, pouco sesquicentenário, raramente bicentenário como o Mosteiro da Luz, por exemplo.
Falam também da Igreja Santo Antônio, na Praça do Patriarca. De fato, está de pé e foi mencionada em variados documentos antigos. Sem dúvidas é um dos nossos templos mais antigos, porém sofreu muitas e diversas alterações – exceto o endereço – é difícil dizer o que sobra de ‘colonial’ nela.
Isso tudo tem uma explicação. Na virada do século XIX S.Paulo foi demolida e reconstruída novamente. Nessa metamorfose a jovem Paulicéia inventou a modernidade e o modernismo brasileiro. Dom Duarte Leopoldo e Silva – o primeiro Arcebispo de São Paulo – era um progressista resoluto e pertinaz, derrubou todas nossas pequenas capelas e igrejas coloniais, setecentistas e oitocentistas, para construir outras maiores no lugar.
Não dá para decidir com certeza se, conclusivamente, foi uma perda ou um ganho? S.Paulo nunca teve construções colônias portentosas, sempre foi uma comunidade pobre, relativamente atrasada, avessa à ostentação, com modestas construções de taipa de pilão. Era uma cidade canhestra, faltava vida social, artesões competentes e pedreiras próximas.
Avaliando tudo, talvez Dom Duarte tenha feito uma boa aposta: perdemos alguns edifícios antigos e não muito importantes, contudo ganhamos, com nossas igrejas e prédios públicos religiosos, um imenso acervo arquitetônico e artístico repleto de obras modernas e modernistas, algumas vindas dos grandes centros artísticos europeus.
Afinal, com o entroncamento ferroviário e com o dinheiro do Ciclo do Café, valia a pena investir em S. Paulo, já podíamos curtir e pagar.
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