Por volta de 74/75 era muito difícil acompanhar e entender o que acontecia. Os jornais vigiados saiam trucados e censurados, com receitas de bolos e cantos de Camões nas páginas políticas. Boatos e notícias incertas, provocativas e exageradas prosperavam. Passávamos muitas noites na USP conversando e discutindo Filosofia, Literatura e Política.
Nos meses frios baixava uma neblina que cobria o campus inteiro com um manto de irrealidade. Parecia a metáfora perfeita para nossas inquietações: ávidas, ansiosas, excessivas e desfocadas.
Nos meses frios baixava uma neblina que cobria o campus inteiro com um manto de irrealidade. Parecia a metáfora perfeita para nossas inquietações: ávidas, ansiosas, excessivas e desfocadas.
Esperando o ônibus circular, era como estar suspenso no meio de um aglomerado estelar. Horas surreais. A Cidade Universitária inteira
se vestia de brumas, leitosas, impenetráveis e ofuscantes. Somente alguns
edifícios e solitários postes de iluminação eram visíveis.
Ausência de Sirius resultou num poema nublado e descontínuo – uma ode oclusa. Cifrado, repleto de ecos, ressonâncias, aliterações e rimas internas. Cheio de reiterações, repetições e retomadas. Talvez por isso valha a pena ser lido.
Foi publicado num jornal xerocado chamado Exegese do Óbvio. Nome de um poema do meu primeiro livro, na coletânea: Sol Na Garganta (clique>>).
AUSÊNCIA DE SIRIUS EM PDF
E como valeu a pena, Douglas Bock!!!! Aláis, pena nenhuma, um deleite, um prazer interminável a cada linha lida e desvendada entre as névoas! Pena tenho eu, dos que não têm olhos de ler!!! Já era seu fã, admirador e garoto propagando. Doravante, serei cada vez mais! Fantástico.
ResponderExcluirMuito obrigado Paulo Miranda Barreto. Este poema foi muito importante nesta fase da minha vida, andava com ele continuamente e fazia anotações e correções o tempo todo. Anda gosto muito dele, e, quando o publiquei no Blog Paulistando, resolvi preserva-lo como estava quando foi mimeografado.
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