quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

AUSÊNCIA DE SIRIUS

Por volta de 74/75 era muito difícil acompanhar e entender o que acontecia. Os jornais vigiados saiam trucados e censurados, com receitas de bolos e cantos de Camões nas páginas políticas. Boatos e notícias incertas, provocativas e exageradas prosperavam. Passávamos muitas noites na USP conversando e discutindo Filosofia, Literatura e Política.

Nos meses frios baixava uma neblina que cobria o campus inteiro com um manto de irrealidade. Parecia  a metáfora perfeita para nossas inquietações: ávidas, ansiosas, excessivas e desfocadas.

Esperando o ônibus circular, era como estar suspenso no meio de um aglomerado estelar. Horas surreais. A Cidade Universitária inteira se vestia de brumas, leitosas, impenetráveis e ofuscantes. Somente alguns edifícios e solitários postes de iluminação eram visíveis.

Ausência de Sirius resultou num poema nublado e descontínuo  uma ode oclusa. Cifrado, repleto de ecos, ressonâncias, aliterações e rimas internas. Cheio de reiterações, repetições e retomadas. Talvez por isso valha a pena ser lido.

Foi publicado num jornal xerocado chamado Exegese do Óbvio. Nome de um poema do meu primeiro livro, na coletânea: Sol Na Garganta (clique>>).


Texto Completo: AUSÊNCIA DE SIRIUS
AUSÊNCIA DE SIRIUS EM PDF


2 comentários:

  1. E como valeu a pena, Douglas Bock!!!! Aláis, pena nenhuma, um deleite, um prazer interminável a cada linha lida e desvendada entre as névoas! Pena tenho eu, dos que não têm olhos de ler!!! Já era seu fã, admirador e garoto propagando. Doravante, serei cada vez mais! Fantástico.

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  2. Muito obrigado Paulo Miranda Barreto. Este poema foi muito importante nesta fase da minha vida, andava com ele continuamente e fazia anotações e correções o tempo todo. Anda gosto muito dele, e, quando o publiquei no Blog Paulistando, resolvi preserva-lo como estava quando foi mimeografado.

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