Adoniran virou mito, logomarca, emblema, estandarte. Infinitamente
multiplicado por todo lugar, nos muros, camisetas e esquinas.
Deve estar tatuado em muito peito e bunda por aí, igual à
foto de Che Guevara, de Alberto Korda. Pena, por que quando um signo se descola do significado acaba ficando igual um grampo ou tacha, só serve para prender no corpo a insustentável leveza das coisas idas, apagando biografia e ideais. Vira enfeite e nada mais.
O Adoniran que PAULISTAVA a cidade era outro, era o João
Rubinato que palmilhava anônimo as ruas de São Paulo até gastar a sola do sapato.
Que adorava brincar com as dificuldades dos migrantes e imigrantes
em dominar o português e, por empatia ao povo popular, inventou uma nova língua para eles, o ‘PAULISTÊS’.
Que percorria os bairros atrás de bailes dos Nicolas, Árvaros e
Arnestos e pretendia fazer uma música para cada rua onde tinha um 'chapa'.
Esse, o Adoniram que tratava a cidade com amor, carinho e ternura, esta desaparecendo, soterrado, sumiu das lojas de discos, iTunes e dos meios de comunicação. Vida dura. Ele reclamava: “Porque as rádios não tocam meus sambas? Por quê? Algum crime que fiz?” (CD Documento Inédito).
De vezes em quando eu o encontro pelo bexiga, e nos cumprimentamos.
De vezes em quando eu o encontro pelo bexiga, e nos cumprimentamos.
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