quinta-feira, 21 de maio de 2020

Genebra / Suíça – 24/maio/2016 – Borges

Genebra / Suíça – 24/maio/2016


Numa terça-feira à tarde, maio de 2016, fui visitar Jorge Luis Borges em Genebra. Apesar de imortal, agora, passa todo o tempo neste jardim – perto de Jean Calvin, que frequenta o lugar faz muito mais tempo.

Ouviu meus passos se aproximando e não levantou a cabeça, estava com os olhos fechados, porém isso não mudava nada. Perguntei:

“- Mestre Jorge como é possível entender a América do Sul?”

Sua voz era baixa, subterrânea, quando respondeu.

“- Passei muito tempo lá, porém nunca consegui entende-la direito. Mas acho que somos uma multidão de exilados, com saudades da Europa, África, Oriente...”

Respirou como uma brisa. 

“- Veja na Literatura de vocês, ‘A canção do Exílio’ é um dos maiores poemas da fortuna brasileira.”

“- Então não existe chave para entendê-la?”

“- Talvez a resposta esteja no mapa do nosso subcontinente, olhe o desenho, parece um faminto funil triturador, fascinado por coisas da Europa, contudo com o fio de comando ligado nos Estados Unidos.”


Fui para casa olhar melhor o globo.

o.

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