Numa terça-feira à tarde, maio de 2016, fui visitar Borges em Genebra. Apesar de imortal, agora, passa todo o tempo neste jardim – perto de Jean Calvin, que frequenta o lugar faz muito mais tempo.
Ouviu meus passos se
aproximando e não levantou a cabeça, estava com os olhos fechados, porém isso
não mudava nada. Perguntei:
“- Mestre Jorge como
é possível entender a América do Sul?”
Sua voz era baixa,
subterrânea, quando respondeu.
“- Passei muito tempo
lá, porém não aprendi. Somos uma multidão de exilados, com saudades da Europa,
África, Oriente...”
“- Veja na Literatura
de vocês, ‘A canção do Exílio’ é um dos maiores poemas da fortuna brasileira.”
“- Então não existe
chave para entendê-la?”
“- Talvez a resposta esteja no mapa do nosso subcontinente, olhe o desenho, parece um faminto funil triturador, fascinado por coisas da Europa, contudo com o fio de comando ligado nos Estados Unidos.”
Fui para casa olhar
melhor o globo.
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