quinta-feira, 7 de março de 2013

Paulista é Profissão



Todo mundo que mora neste Estado trepidante sabe que Paulista é muito mais que naturalidade, é também profissão. Mais ainda, é profissão de especialista, de gente muito boa no que faz.

Substantivos de naturalidade terminam em ‘ano’, ‘eno’, ‘ino’, ‘ense’, ‘ês’; feito baiano, chileno, argentino, cearense ou francês; o sufixo ‘ista’ é diferente, indica quem é excelente na atividade que executa: pianista, dentista, oculista, esteticista, romancista, coisa de mestre, de artista.

‘Brasileiro’ também é profissão, mas ‘eiro’ se aplica aos grandes e tradicionais ofícios, como pedreiro, carpinteiro, marinheiro, fazendeiro etc.

Por volta de 1635, quando, pela primeira vez, a palavra 'Paulista' foi registrada e os Paulistas ganharam fama internacional junto ao Vaticano e ao mundo civilizado, fomos descritos assim pelos Jesuítas castelhanos: feras tropas mamelucas, compostas todas de homens facinorosos, ímpios e tolerados ladrões. Contudo, também já nos respeitavam, reconheciam os Paulistas como especialistas em paulistar, ou seja, viver e varar este Brasil, então soturno e rude.

Para comprovar que Paulista é profissão basta observar que qualquer alemão, pernambucano, português, espanhol ou cearense que chega, depois de aprender e pegar pratica em viver aqui, esquece sua naturalidade e vira Paulista.

Somando tudo, acho que progredimos um pouco, de facinorosos’ viramos fascinantes.

3 comentários:

  1. Eu que sou paulista e paulistana de adoção, concordo com você em gênero, número e grau.

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  2. Perfeita a sua explicação sobre os sufixos. E realmente Paulista, mais do que um patronímio, é um estado de espírito!

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  3. No texto dos jesuítas que menciono, onde o termo foi pela primeira vez registrado, os paulistas eram tratados mais como uma atividade, não como uma nacionalidade. Veja, eram, enfim, portugueses, não eram citados assim.

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